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Nesse 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, o SOS Corpo trás uma Leitura Crítica de análise sobre os paradigmas das políticas públicas que buscam mudar esse cenário. O artigo é de autoria da cientista política, pesquisadora e educadora do SOS Corpo, Natália Cordeiro.

A convivência pacífica entre os povos das várias nações deve ser uma prerrogativa sustentada na justiça social mundial e não em valores abstratos e definidos unilateralmente por aqueles que dominam a riqueza do mundo e a produção de armas de guerra como negócio altamente rentável.

É com muita revolta e indignação que nós do SOS Corpo, recebemos a notícia do assassinato da Ialorixá Bernadete Pacífico, liderança nacional da CONAQ, em sua casa no quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no estado da Bahia.

Depois de tanta luta, de campanhas fundadoras e transformadoras como “quem ama não mata”, de tantos debates sobre a impertinência do argumento de legitima defesa da honra, foi preciso esperar até hoje, 1 de agosto de 2023, para que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinasse ilegal o uso deste argumento por advogados na defesa de assassinatos de mulheres. Ainda teremos de lidar com uma desigualdade residual que insiste em culpabilizar a mulher da sua própria morte, pois isto está entranhado na cultura institucional e segue difundido pela mídia, que se revitaliza no sensacionalismo policial.

“Violência contra as mulheres: estamos enfrentando?” Para debater esta pergunta o SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia iniciou ontem um curso da sua linha de formação Fontes e Veredas, voltado para mulheres integrantes de movimentos sociais e/ou atuantes nos serviços públicos de enfrentamento à violência.

Na última segunda-feira, 5 de junho, aconteceu a primeira Assembleia Feminista, para discutir os próximos passos da agenda de pressão ao governo de Raquel Lyra, para que ele atenda as reivindicações de políticas públicas garantidoras de direitos para mulheres de Pernambuco.

Hoje, embora a pauta da prevenção e do enfrentamento à violência contra as mulheres esteja amplamente difundida socialmente, os números seguem altíssimos e revelam uma realidade ainda mais alarmante: a realidade melhorou para as mulheres brancas e piorou para as mulheres negras; o Brasil é o país que mais mata mulheres trans no mundo. O que há por trás desses dados? Qual o papel das políticas públicas nesse contexto? Qual a responsabilidade dos movimentos feministas nesse cenário?