“Violência contra as mulheres: estamos enfrentando?” Para debater esta pergunta o SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia iniciou ontem um curso da sua linha de formação Fontes e Veredas, voltado para mulheres integrantes de movimentos sociais e/ou atuantes nos serviços públicos de enfrentamento à violência. As inscrições já foram encerradas e as participantes terão direito ao novo livro do Instituto, de autoria de Natalia Cordeiro, Violência Contra as Mulheres – (Re)produção das Desigualdades nas Políticas Públicas, em pré-lançamento.
A luta pelo fim da violência contra as mulheres, analisa a autora que também é educadora do curso, foi uma das principais bandeiras do feminismo nos anos 1970 no Brasil. Durante a redemocratização do país essa pauta foi sendo incorporada aos poucos na agenda pública, com esse processo se consolidando ao longo dos anos 2000. Neste período, além da incorporação de feministas no aparato estatal, foram criados organismos de políticas para mulheres nos níveis federal, estadual e municipal e foram implementadas políticas públicas neste âmbito. Essa trajetória foi interrompida pelo golpe de 2016 e pela ofensiva conservadora e autoritária que o sucedeu.
Em paralelo a isso, os movimentos feministas foram ampliando suas bandeiras de luta, apontando novas contradições, desigualdades e reivindicando a presença de outros sujeitos na esfera pública. Tais movimentos também precisaram estar nas ruas resistindo aos constantes ataques aos direitos das mulheres, da população negra, da população LGBTQIA+, da classe trabalhadora.
Natalia Cordeiro enfatiza que, hoje, “embora a pauta da prevenção e do enfrentamento à violência contra as mulheres esteja amplamente difundida socialmente, os números seguem altíssimos e revelam uma realidade ainda mais alarmante: a realidade melhorou para as mulheres brancas e piorou para as mulheres negras; o Brasil é o país que mais mata mulheres trans no mundo”.
A partir desta análise o curso buscará responder as questões: O que há por trás desses dados? Qual o papel das políticas públicas nesse contexto? Qual a responsabilidade dos movimentos feministas nesse cenário? A ideia é contribuir com a reflexão de militantes feministas, mulheres que não estão organizadas em movimentos e profissionais de serviços que lidam com mulheres em situação de violência sobre o enfrentamento à violência contra as mulheres no contexto atual a partir da perspectiva feminista, antirracista e anticapitalista que temos acumulado no Instituto, salienta.
Fontes e Veredas é uma das linhas de formação do Instituto que pode abordar diversos temas. Neste curso, informa Natalia Cordeiro, “a partir das fontes que temos acumulado aqui no SOS Corpo pretendemos discutir sobre violência contra as mulheres, implementação de políticas públicas, desigualdades sociais de raça, classe e gênero, interseccionalidade e movimento feminista e, assim, pensar coletivamente as veredas que nos levem a um mundo onde viver sem violência seja um direito para todas as mulheres.
As contribuições da educadora em breve estarão disponíveis no nosso canal do youtube.