Apesar da democracia estar melhor estabelecida depois das últimas eleições, o crescimento da extrema-direita na América Latina nos desafia a aprofundar as reflexões para avançar, teórica e politicamente, na construção de uma democracia mais larga, uma democracia em que finalmente caiba quem dela sempre esteve excluída.

Ao mesmo tempo que os elementos da conjuntura colocados pelas palestrantes se mostraram desafiadores a nível global, elas expuseram a potência do feminismo e o medo que os inimigos tem de nós!

Hoje, embora a pauta da prevenção e do enfrentamento à violência contra as mulheres esteja amplamente difundida socialmente, os números seguem altíssimos e revelam uma realidade ainda mais alarmante: a realidade melhorou para as mulheres brancas e piorou para as mulheres negras; o Brasil é o país que mais mata mulheres trans no mundo. O que há por trás desses dados? Qual o papel das políticas públicas nesse contexto? Qual a responsabilidade dos movimentos feministas nesse cenário? 

Depois do filme sobre Lenira Carvalho ter circulado em diversas cidades do Brasil e em capitais de países na Europa, convidamos Sophia Branco, uma das diretoras do filme, para contar sobre a recepção dessas exibições e as reflexões trazidas pelo público depois de assistirem o documentário. Sophia traz neste texto as considerações de muitas mulheres que são ou foram trabalhadoras domésticas, de filhas e filhos de trabalhadoras e ex-trabalhadoras, assim como de mulheres migrantes que viajam para Europa em busca de melhores condições de vida, mas acabam precisando viver nas casas onde trabalham. O filme provoca emoções fortes, porque revela nas palavras pedagógicas da nossa companheira Lenira as feridas sociais que persistem desde a invasão colonial.

Descumprimento da lei, racismo, estigma, criminalização e fragilidade na fiscalização dos órgãos responsáveis são alguns dos entraves que as trabalhadoras domésticas enfrentam para ter seus direitos garantidos e respeitados.

Hoje apresentamos a entrevista com Maria Daniela, articuladora política filiada à Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco/AMOTRANS e Rede Nacional de Feministas Antiproibicionista/RENFA.