Este ano aconteceu em Brasília (DF) a 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, marcando os 20 anos da instituição do 29 de janeiro como Dia da Visibilidade Trans.
| Texto: Lara Buitron | Foto: José Cruz/Agência Brasil|
No dia 29 de janeiro de 2004, em articulação com o Ministério da Saúde, os movimentos e ativistas travestis, transgêneros e transexuais, em especial a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), lançaram a primeira companha de combate à transfobia do Brasil “Travesti e Respeito”. A campanha teve como objetivo central conscientizar e sensibilizar os servidores públicos da saúde e da educação sobre a violência enfrentada pela população trans e demarcar seus direitos no acesso às Políticas Públicas.
Após o lançamento da campanha as 52 organizações que constroem a ANTRA se organizaram em seus territórios para a celebração pública do Dia Nacional da Visibilidade Trans. Anualmente as ruas de várias cidades do Brasil são ocupadas por toda a diversidade da população trans, seja em caráter de denúncia das violações de direitos e da violência causada pela transfobia, seja em atos de artivismo, rodas de diálogos, entre outras manifestações políticas, o que importa é que a articulação política em volta da data tem, ao longo de suas duas décadas, fortalecido e articulado o movimento trans por todos os cantos do país.
Este ano, para demarcar duas décadas de luta, os movimentos trans articularam-se de forma nacional e organizaram a 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans em Brasília, organizando-se nacionalmente para ocupar o centro do poder institucional e demarcar as importantes vitórias conquistadas pelo movimento. Marsha é escrito com SH em homenagem a Marsha P. Jonshon, militante dos direitos trans norte americana, conhecida por ser uma das articuladoras da Rebelião de Stonewall, mas também por toda a sua história no movimento LGBTQIA+ norte-americano.
Além da estado-unidense a Marsha também homenageou importantes figuras brasileiras da luta: Jovanna Baby, uma das co-fundadoras do movimento trans latino americano, tendo ajudado a fundar a primeira instituição trans da América Latina, a Associação de Travestis e Liberados (ASTRAL), que hoje conhecemos como ANTRA; Keila Simpson, atual presidenta da ANTRA e uma de suas co-fundadoras e uma das articuladoras da campanha “Travesti e Respeito” e a primeira travesti viva a ser outorgada Doutora Honoris Causa pela UERJ; e Kátia Tapety, a primeira vereadora trans do Brasil, em sua cidade no interior do Piauí. Além das homenageadas, foram convidadas para amadrinhar a Marsha as Deputadas Érika Hilton (PSOL) e Duda Salabert (PDT), as primeiras parlamentares trans a ocupar a Câmara dos Deputados.
A importância de se ter um dia nacional que visibilize a população trans se dá quando olhamos para os números, segundo o Dossiê de Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023, lançado esse mês pela ANTRA, a cada três dias uma travesti é morta no Brasil. Em sua 7ª edição do Dossiê é a primeira vez em que os dados são colhidos após o golpe da Presidenta Dilma Rousseff, ou seja, pela primeira vez o Dossiê tem seus dados colhidos dentro de um governo democrático, porém ainda com muita dificuldade de fazer o enfrentamento à transfobia.
Para acessar o Dossiê produzido pela ANTRA clique aqui.
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