Na abertura do mês de Março da #lutafeminista, apresentamos a publicação de mais uma Leitura Crítica, dessa vez sobre o tema da mobilidade urbana, o contexto da violência contra as mulheres no espaço público e os impactos na vida produtiva e reprodutiva das mulheres. Embasada por teóricas feministas negras e decoloniais, Mércia Alves apresenta um panorama da crise urbana e lança um olhar sobre o contexto na vida das mulheres negras.
Está disponível para download a Leitura Crítica Mobilidade urbana e violência contra as mulheres: Reflexões feministas sobre a vida nas cidades, da pesquisadora e educadora do SOS Corpo, Mércia Alves. Elaborada com base na tese de doutoramento Questão urbana e injustiças territoriais: a (in)mobilidade das mulheres negras nas cidades, no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPE, a autora traz uma perspectiva crítica sobre a luta pelo direito à cidade, centrada na mobilidade.
A leitura crítica apresenta uma análise sobre um problema que afeta as condições de vida das mulheres e as formas de deslocamento feminino no espaço urbano à luz do feminismo crítico. E de forma particular apresenta como esse movimento cotidiano é permeado pelas dimensões da vida produtiva e reprodutiva e por expressões da violência contra as mulheres de forma interseccional às dimensões de classe, raça e gênero.
Para compreendermos como a locomoção feminina ocorre, é importante destacar que as mulheres figuram como as principais usuárias do transporte público coletivo – ônibus, metrô e trens -, utilizando-se também da mobilidade ativa – a pé ou por bicicleta -, para atender às obrigatoriedades da vida reprodutiva como também sua inserção no mundo do trabalho.
Este sistema de transporte coletivo e rodoviário tem impacto na vida produtiva e reprodutiva da população trabalhadora e vem demonstrando esgotamentos pelo adensamento urbano e configuração das cidades. A crise urbana e a mobilidade também revelam outras compreensões na sua estrutura histórica quanto ao modelo de cidade sócio-geograficamente construída. E sob a qual se ergue uma arquitetura sócio urbana que expressa os pilares das relações sociais do capitalismo-patriarcado e racismo.
O objetivo desta reflexão é provocar um novo entendimento sobre as implicações desse modelo para a vida das mulheres, sobretudo as mulheres pobres e negras. Tendo essa visão como norte, é possível compreender as complexidades das desigualdades territoriais, de classe, raciais e de gênero nas vivências das cidades, dialogando com a perspectiva feminista interseccional e decolonial.
Baixe a publicação:
[Leitura Crítica] Mobilidade urbana e violência contra as mulheres: Reflexões feministas sobre a vida nas cidade
Autora: Mércia Alves
Ilustrações: Luiza Morgado
Revisão: Cristina Lima
Diagramação: Oyá Design