Pela vida das mulheres do campo da cidade da floresta e das águas. Bolsonaro nunca mais. Por um Brasil sem machismo, sem racismo, sem LGBTfobia e sem fome. Basta de abusos!
Neste 8 de Março denunciamos a catástrofe nacional. Somos negras, brancas, indígenas, quilombolas, jovens, adultas, idosas, somos LBTQIA+, trabalhadoras domésticas, do campo, da cidade, das florestas, das águas, mulheres com deficiência, com diferentes costumes e profissões de fé. Somos diversas, mas não dispersas na resistência, mobilização, solidariedade e cuidado. Assim enfrentamos a pandemia, e o pandemônio instalado por um governo racista e misógino que acentua desigualdades sociais, demole nossas conquistas democráticas e nos mata de fome, de Covid ou pela violência movida por um ódio fascista. Basta de sofrimento!
A AMB estará nas ruas somando forças com a resistência que reúne outros movimentos sociais e a amplitude dos movimentos organizados de mulheres, para ecoar mais forte nossa voz neste ano eleitoral. Bolsonarismo nunca mais! Um outro Brasil é possível!
# Pelo bem viver – Não há bem viver com um governo que coloca o lucro de poucos acima de todas as pessoas. É escandalosa a concentração de riqueza em que 5% explora e viola direitos de 95% da população! Somos pela derrubada do teto de gastos sociais (PEC 55), que acaba com nossa conquista constitucional por Saúde, Educação, Assistência Social e Moradia. Queremos renda básica emergencial como direito permanente e com valores que garantam bem estar e alimentação para as famílias. Queremos resgatar nossas conquistas por melhores patamares de autonomia econômica e superação da miséria. Pela taxação das grandes fortunas, justiça tributária, participação social nas decisões e monitoramento do Orçamento Público!
# Pela redução da sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidado – As escolhas econômicas do neoliberalismo aumentam a carga de trabalho que pesa sobre as mulheres. O Brasil precisa de creches, pré-escolas, escola em tempo integral, restaurantes comunitários, cozinhas comunitárias, lavanderias coletivas, hospitais-dia, previdência pública inclusiva. São equipamentos sociais fundamentais para fazer justiça, em particular para as mulheres pobres e negras que, mais do que nunca, vêm dedicando horas de seus dias ao trabalho de manutenção da vida comunitária e das famílias, numa realidade em que, ainda por cima, recebem menores salários pelo trabalho remunerado, quando conseguem ter um. A reprodução da força de trabalho é tarefa social e responsabilidade do Estado.
# Por vacinas para todas as pessoas, com quebra das patentes – É preciso dar um basta ao negacionismo e às mortes evitáveis. É preciso sustar o poder da indústria farmacêutica multinacional que enriquece com a pandemia. O coronavírus (com suas diversas cepas) veio para ficar e o mundo precisa encarar isto de frente, criando condições para os países produzirem ou terem acesso às vacinas e medicamentos para distribuição a toda sua população, incluindo gestantes e crianças. Viva o SUS!
# Por Justiça Reprodutiva e pelo direito ao aborto seguro – Fortalecer o SUS e a Educação laica e universal são condições para garantir direitos sexuais e reprodutivos para todas as pessoas, com olhar atento às mulheres jovens, negras, indígenas, lésbicas, trans e com deficiências que sofrem racismo institucional, discriminações e violência obstétrica. Denunciamos o desmonte dos serviços de atendimento a meninas e mulheres vítimas de violência sexual. Gravidez não deve ser tortura. Pelo direito de gestar, parir e cuidar das crianças livre de violências. Queremos acesso seguro ao aborto legal e defendemos a mudança legislativa que descriminalizará este procedimento, que é parte da vida das mulheres e pessoas que gestam. Aborto Legal e Seguro já!
# Pelo enfrentamento à violência – Na pandemia aumentou o feminicídio, o lesbocídio, o transfeminicídio e a violência doméstica e sexual. A cada minuto mulheres, crianças e adolescentes sofrem agressões. Sem Escola e sem Assistência, crianças e adolescentes estão em perversa situação de desproteção e abandono. Enquanto isso o governo compactua com milícias e polícias assassinas, promovendo armamento e mortes, ao mesmo tempo que reduz recursos para o combate à violência doméstica e sexual, adotando uma política moralista, inspirada na retrógrada agenda familista e “antigênero”, de fundo fundamentalista e religioso. Ao mesmo tempo, abre portas para um colapsado sistema prisional, que pune sobretudo pessoas pobres e negras, muitas vezes injustamente, produzindo mais violência sem ressocializar, e gerando lucros para as terceirizadas que atuam neste sistema. Basta de violência! Parem de nos matar!
# Pela vida dos povos negros e indígenas – Cotidianamente o racismo faz vítimas nas favelas, aldeias, quilombos, nas florestas, nas ruas, nas empresas, no comércio, nas estradas. Queremos políticas efetivas de proteção aos povos originários e ao povo negro, que sofrem ataques sistemáticos com políticas que privilegiam o agronegócio, a mineração, criminalizam pessoas pobres e geram fome e doença. Igualmente somos contra a violência política e institucional que atinge ativistas que, como nós, lutam por direitos humanos. Fora colonialismo assassino!
# Por Justiça Socioambiental – Envenenar o planeta, devastar a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica são práticas do neoliberalismo econômico que agravam as mudanças climáticas, promovem o racismo ambiental, violam e violentam o direito à terra. Privilégios à mineração e ao agronegócio matam ou deixam matar quem luta por esses direitos. Exemplos escandalosos são dois recentes projetos em vias de aprovação pelo governo: a chamada “Ferrogrão”, que irá rasgar quase mil quilômetros da floresta amazônica, atingindo em cheio a bacia do Tapajós e a Hidrovia Araguaia, que acabará com a pesca na região. Além dessas graves ameaças, o acesso ao saneamento básico, em especial o acesso a água, tem sido cada vez mais precarizado, atingindo diretamente a vida das mulheres pobres e chefes de família. Pelo fim da privatização dos bens comuns, da água, da terra e da humanidade!
Neste 8 de Março amplificaremos os gritos de todas as mulheres: diversas, fortes e firmes na resistência contra a destruição do país e de seu povo. Vem com a gente!
Vamos exercer o direito de participar do processo eleitoral de 2022, aliando-nos às forças que querem derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Isto é fundamental para restabelecer o pacto nacional democrático com saúde, comida, dignidade e sem retrocesso nas leis que nos garantem direitos. Mas vamos participar defendendo nossa agenda e impedindo negociações que sacrificam direitos por nós conquistados. Exigimos compromissos consistentes com a luta feminista antirracista, anticapitalista e anticapacitista.