Nota de repúdio ao estupro coletivo: pelo fim da violência contra as mulheres! Pelo fim do ódio às mulheres!

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Nós, da Articulação de Mulheres Brasileiras, viemos a público manifestar nossa indignação, nossa revolta, nossa dor e nossa solidariedade às duas adolescentes vítimas de estupro coletivo, em episódios recentes que abalaram a sociedade brasileira, pelo grau de barbárie neles expressados, e acima de tudo pela recorrência de casos por todos o país.

No primeiro, ocorrido na Zona Norte do Rio de Janeiro, a jovem foi estuprada por trinta e três homens, e seu corpo violentado exposto em vídeo divulgado nas redes sociais, obtendo milhares de acessos e comentários machistas expressando a mesma violência e demonstrando que são muitos os homens que não somente aceitam tal ato como seriam capazes de cometer o mesmo crime. A outra adolescente foi estuprada por cinco homens na cidade do Bom Jesus, no Piauí.

Estes episódios são emblemáticos e demonstram como é grave a questão da violência contra as mulheres no Brasil. Confirmam os dados do oitavo anuário da Segurança Pública, tão alardeado pelo movimento feminista, pois atesta que a cada dez minutos uma pessoa é estuprada no Brasil, sendo quase 90%, mulheres. Esta é a violência patriarcal encarnada. Este dado deveria indignar e revoltar toda a sociedade e não apenas a nós, mulheres.

As “justificativas” para crimes hediondos como estes estão, via de regra, regadas de sexismo e ódio às mulheres. São crimes que dilaceram nosso corpo, ameaçam nossa segurança, e colocam em cheque nossa crença no bem estar social.

O anuário da Segurança Pública traz dados que reafirmam o que várias vertentes do movimento feminista têm colocado todos os dias e pelo que têm lutado para transformar: esta sociedade patriarcal, machista, racista. Os casos de estupro que ocorrem cotidianamente nos quatro cantos do País, muitos deles seguidos de assassinato, demonstram uma dramática realidade. A realidade de que nós mulheres não temos o direito de ir e vir; nós mulheres não temos o direito de existir; nós mulheres não temos direito ao nosso corpo, a viver com liberdade. Ao contrário, podemos ser “castigadas”, humilhadas”, estupradas e mortas sob alegações verbalizadas pelos agressores-estrupradores em delegacias, ou nas redes sociais, de cunho sexista e culpabilizante.

Pela ideia radical de que mulheres são pessoas, pela segurança e o direito das mulheres de ir e vir, de não serem mortas, de escolherem sobre suas vidas, de não serem agredidas por serem mulheres não vamos nos calar – vamos continuar lutando.

Vamos continuar denunciando, Vamos continuar exigindo do poder público, da sociedade civil e das instituições providências efetivas. Vamos continuar combatendo estes crimes e esta banalização.

Estamos solidárias com estas meninas – adolescentes – mulheres que têm sofrido esta violência em todo o Brasil e no mundo, e nos posicionamos, nós mesmas, como pessoas potencialmente na mira dessas agressões e assassinatos.

Hoje, particularmente, estamos transformando a dor dessas duas adolescentes em LUTA. Mostraremos nossa indignação por onde passarmos e nos somaremos às manifestações por este Brasil afora, convocando outras a se juntarem a nós.

Pelo fim da Violência contra mulheres! Pelo fim do ódio às mulheres! Por mim, por nós e pelas outras!

Em 27 de Maio de 2016
Articulação de Mulheres Brasileiras

Fonte: AMB

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