Em seu novo artigo a pesquisadora do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Maria Betânia Ávila, analisa como a jornada de trabalho intermitente e a precarização tanto do trabalho produtivo quanto reprodutivo afeta a vida das mulheres.
Neste 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, o SOS Corpo lança o mais novo artigo de Maria Betânia Ávila, no qual a pesquisadora cruza os dados recentes sobre precarização do trabalho com os resultados da pesquisa Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres: uma análise crítica (Ávila, Ferreira, Arantes, 2016), de autoria do Instituto.
Ao analisar os dados quantitativos sobre precarização do trabalho do (DIEESE, 2024) com os dados qualitativos da pesquisa de 2016, a autora dialoga sobre a situação da vida das mulheres, levando em conta suas histórias de superexploração do trabalho produtivo e reprodutivo e nos convida a refletir sobre a relação entre trabalho e vida precários. Como destaca já no começo de seu texto:
“A informalidade no mercado de trabalho impacta, de maneira muito forte, as mulheres, principalmente as mulheres negras. De acordo com o DIEESE (2024)¹, 37,55% das trabalhadoras estavam na informalidade, dessas, 41,9% eram mulheres negras, comparado a 32,6% de mulheres não negras. A informalidade, que se traduz como ausência de um contrato de trabalho e de direitos trabalhistas, é uma realidade que historicamente estrutura o mercado de trabalho no Brasil e na América Latina. A informalidade está diretamente relacionada às condições de trabalho precário e é preciso ressaltar que mesmo nas relações de trabalho formais existem situações de grande precariedade, que se apresentam como decorrentes de vários fatores, como por exemplo, a falta de estabilidade, o alto grau de exploração, a falta de equipamentos de proteção, os salários baixos que não correspondem à função exercida, a rotatividade, entre outros.
A reforma trabalhista de 2017 estabeleceu novas mediações para relações de trabalho, que favoreceram o patronato e tiraram da classe trabalhadora muitos direitos, possibilitando assim mais exploração, menos segurança, maior despossessão, entre outras situações, que foram chamadas de flexibilização. É importante ressaltar que isto aconteceu durante o Governo Temer, que chegou a Presidência da República através de um golpe político que destituiu a Presidenta Dilma, legitimamente eleita, e sem qualquer causa legal para isso.”