Fazendo uma análise que parte do cenário da crise socioambiental, climática e energética, educadora do SOS Corpo traz argumentos que questionam o atual modelo de desenvolvimento do sistema capitalista, que tem aprofundado a mercantilização dos bens comuns, da natureza e a precarização da vida das mulheres.
Em artigo elaborado a partir da contribuição ao debate promovido pela Comissão Socioambiental do Conselho de Participação Social da Presidência da República, realizado em novembro deste ano durante o G-20 Social, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, a educadora do SOS Corpo, Rivane Arantes traça, desde o território da cidade do Recife, argumentos que questionam as contradições que o sistema capitalista produz e que a agravam as condições de vida das mulheres em um mundo esgarçado em detrimento de um desenvolvimento voltado ao lucro.
A partir de um ponto de vista situado no feminismo antirracista, antipatriarcal e anticapitalista, a autora apresenta os cenários da crise socioambiental, climática, energética e civilizatória que se apresenta hoje no mundo e como elas tem relação direta com os instrumentos que podem contribuir para o enfrentamento delas: a democracia e a participação social.
“Para nós, participação, para além de ser mecanismo ou procedimento da política institucional, é um direito. Por isso, mais do que termos liberdade de escolha, manifestação e decisão sobre os destinos de nossas vidas, participação é, sobretudo, usufruir daquilo que é (ou deveria ser) comum, como água, ar, terra etc., e daquilo que é produzido coletivamente. Mais até, é poder produzir também as ideias, visões e memórias que constituem a dimensão do simbólico. Não se trata só da democracia política, mas da democracia no âmbito da economia e da cultura, porque tudo está entrelaçado, mas o sistema faz com que pensemos que tudo está desarticulado”, pontua Rivane Arantes em um trecho do artigo.