Cartilha feminista para refletir sobre o mundo digital a partir do ativismo

Cartilha feminista para refletir sobre o mundo digital a partir do ativismo

💭 Lançamento da cartilha acontecerá próxima segunda em uma atividade para refletirmos sobre cuidados nas redes digitais para ativistas com nossas companheiras VIOLETA e LARISSA SANTIAGO da Escola de Ativismo, e SOPHIA BRANCO, do Fórum de Mulheres de Pernambuco.

Durante a pandemia a transferência de inúmeras atividades antes presenciais para a esfera digital aumentou o tráfego de dados na internet no mundo inteiro e, com isso, testemunhamos uma aceleração do processo de dependência social das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). As chamadas por vídeo tornaram-se tão comuns como em filmes de ficção científica de bons anos atrás e elas são apenas um exemplo bobo de como e para quem o desenvolvimento aconteceu.

Enquanto alguns ficam ricos, numa realidade paralela que parece acontecer num passado distante, a tecnologia não tem tanta pressa para chegar. Os sinais da internet são recebidos apenas num smartphone antigo de tela pequena e com pouca memória, compartilhado com os filhos. É possível acessar o WhatsApp e Facebook através de planos de operadoras de telefonia que oferecem criminalmente uso ilimitado destes aplicativos. A banda larga tem sinal fraco e velocidade baixa porque o modem fica na casa do vizinho e vem do gatonet*. Essas são as experiências de várias mulheres negras e seus filhos. Durante a pandemia, as crianças pararam os estudos e muitas mulheres foram demitidas do emprego. Além disso, estão impossibilitados de acessar direitos básicos, como o auxílio emergencial, disponibilizado através do aplicativo da Caixa Econômica Federal ou o TeleSUS, serviço virtual de telemedicina oferecido pelo Sistema Único de Saúde para atendimento ao CoronaVírus.

Enquanto a falta de acesso diminui a autonomia e afeta a autoestima, o avanço exponencial da tecnologia (nos termos hoje postos) ameaça a democracia, o ativismo, a manutenção de empregos e, por consequência, a sobrevivência dessas mulheres. Refletir sobre tecnologia para não ser devorada por ela é, portanto, essencial e essa foi a missão do processo de formação levada a cabo durante um ano para e por feministas do Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE).

O resultado desse processo pedagógico feminista intitulado “Cuidados Digitais e Comunicação de Guerrilha” vem à público num momento em que os debates sobre tecnologia e as inseguranças em relação à seus avanços estão em alta, mas não trazem para a centralidade do debate as experiências populares e ativistas. Na publicação, o FMPE oferece o método e uma sistematização dos aprendizados coletivos. Longe de oferecer soluções fáceis, os textos incitam reflexão crítica, promovem autocuidado no uso da internet e fornecem inspiração para as batalhas digitais e reais por um mundo onde a vida das mulheres negras importam.


🟪 Se chegue no lançamento:
Dia 28 de junho, segunda-feira, às 19h.

➡️ Vagas limitadas para mulheres e jovens meninas.
Faça já sua inscrição:
https://forms.gle/8kwbR9gNHNP1eocE6

🟪 Realização: Casa da Mulher do Nordeste e
Fórum de Mulheres de Pernambuco

*GATONET: Em muitas periferias não é possível contratar um pacote de internet das empresas que oferecem serviço de banda larga de maneira legal. Esses serviços são oferecidos por pequenos distribuidores locais que, via de regra, contratam um grande pacote de internet de uma empresa, constroem a infraestrutura de cabos para redistribuir a internet para os assinantes da localidade. Operações clandestinas também podem estar associadas às milícias, que se utilizam de infraestruturas de cabos já existentes para fornecer conexão mediante assinatura nos locais em que exercem influência política.

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