25/07/2016, às 18h30 – Um olhar quilombola sobre o mundo: debate com a escritora Cidinha da Silva no centro cultural feminista do SOS Corpo

Uma escritora politicamente posicionada, sem acanhamento para revelar suas convicções, e que decidiu escrever porque não sabe fazer música para expressar seus sentimentos e pensamentos. Assim é a mineira Cidinha da Silva, atualmente radicada em Salvador (BA).

convite NOVO sobreviventes em RecifeSegunda-­feira (25), o público do Recife finalmente vai poder conhecer melhor essa blogueira e colunista de portais como o Geledés e Diário do Centro do Mundo. Ela vai lançar seu nono livro, Sobre­-Viventes!, o sexto de crônicas, no centro cultural feminista do SOS Corpo, bairro da Madalena, a partir das 18h30. Em seguida, haverá um debate mediado pela professora Denise Botelho, líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidade (Geperges) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O livro deveria ter sido lançado no dia 30 de maio, mas a tempestade que caiu sobre o Recife naquele dia inviabilizou o evento.

“Escrevo crônicas porque é um gênero que combina liberdade de criação com meu parco tempo para a escrita. Outros gêneros demandariam um tempo criativo que não disponho, em meio às muitas atividades que realizo diariamente”, explica Cidinha. Sobre-­Viventes!, na avaliação da escritora, é um livro duro porque foi escrito em tempos difíceis e trata de questões ásperas como o racismo, tema recorrente em suas crônicas. “São abordagens necessárias, mas não são as que mais me agradam”, admite. “Gosto mais quando o lirismo e a beleza porejam minha literatura. Gosto da ironia com coisas mais leves, temas mais frugais, sem ter que utilizá-­la para enfrentar os temas duros, violentos, desumanos.”

Mas nem só de racismo tratam as 41 crônicas que compõem Sobre­-Viventes!. As manifestações de junho de 2013 e o comportamento da mídia brasileira também mereceram considerações dessa ativista negra que diz observar o mundo de uma “posição quilombola”. Para quebrar o “climão” do livro, ela apresenta ao leitor algumas práticas inusitadas dos bares de Belo Horizonte (MG), pródigos não somente em comidas de boteco, e fala até de um show de reggae em Brasília.

Sobre si mesma, Cidinha diz que escreve por não saber fazer música e enfatiza a importância do ritmo em seu texto, talvez para compensar essa carência. Apesar da dureza que faz questão de desnudar em suas crônicas, ela afirma que acredita no amor entre as pessoas, na luta por um mundo digno e humano, sem racismo, LGBTfobia, misoginia e autoritarismo. “Acredito ser possível a construção de um Brasil livre, em que haja um governo voltado para as necessidades da maioria da população, que é pobre e negra. Acredito na volta de Dilma Rousseff e no projeto político que ela representa. Fora Temer! É minha atual palavra de ordem”, ressalta.

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