Em alusão ao 28 de setembro, o SOS Corpo lança versão virtuais do livro Aborto: Perspectivas que se Entrelaçam e do material didático Trilhas da Justiça Reprodutiva

Em 1990 aconteceu, na Argentina, o V Encontro Feminista Latino Americano e Caribenho (EFLAC), onde foi instituído o 28 de setembro como Dia Latino Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto. Na época, dos países que participavam do EFLAC, apenas Cuba havia legalizado o aborto, hoje, em 2025, outros países se juntaram à Cuba e legalizaram o aborto: Uruguai, Argentina, Colômbia, México e Guiana.
No Brasil seguimos lutando para garantir o acesso ao aborto legal para quem se encaixa nos três casos permitidos por lei (nos casos de estupro, risco de vida da gestante ou anencefalia), resistindo bravamente contra os ataques constantes da extrema direita e dos fundamentalistas, além de permanecermos na luta pela legalização, alargando a ideia de direitos e democracia.
Para ampliar o diálogo e contribuir com a luta pela democratização da vida social e pela defesa da cidadania e dos direitos humanos das mulheres, o SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia lança, nesse 28S de 2025, os formato digital de dois materiais muito especiais: o livro Aborto: Perspectivas que se Entrelaçam e o material didático Trilhas da Justiça Reprodutiva.
Aborto: Perspectivas que se Entrelaçam, é um livro de autoria coletiva, que amplia o debate sobre autodeterminação dos corpos, justiça reprodutiva e democracia. A publicação busca aprofundar o debate e partilhar fontes, se propondo a ser um instrumento de reflexão e construção da análise crítica a partir das diferentes perspectivas da luta, considerando as mulheres em sua pluralidade e articulando diferentes estratégias de luta. O livro, organizado por Talita Rodrigues, conta com textos de Natália Cordeiro, Rivane Arantes, Verônica Ferreira e da própria Talita Rodrigues.
É uma luta sobretudo por autonomia, liberdade e emancipação, em que reafirmamos o valor de nossas existências e o valor que temos como sujeitos políticos que constroem este mundo. Mas sabemos que as experiências reprodutivas das mulheres e de outras pessoas que gestam, dissidentes de gênero, são diversas e muitas vezes marcadas por injustiças e desigualdades estruturadas pelo sistema de poder patriarcal, racista e capitalista que explora, oprime, subjuga e desapossa a nós mulheres e a outros sujeitos. O controle do corpo e da sexualidade de nós mulheres é uma forma de desapossamento de si, no qual retiram de nós a soberania sobre nós mesmas. (Rodrigues, Talita; p. 05)
Trilhas da Justiça Reprodutiva é um material didático pensado pelas pesquisadoras e educadoras Lara Buitron, Maria Betânia Ávila, Natália Cordeiro e Talita Rodrigues. Pensado a partir da experiência educativa com o Mapa de Argumentos Feministas, o material tem como objetivo contribuir para fortalecer o campo feminista na luta por justiça reprodutiva e pode ser usado tanto por profissionais dos serviços públicos quanto por movimentos, coletivos, associações. A publicação conta a história de duas mulheres bastante diferentes: Solange e Maria de Fátima. Uma delas engravida por conta de uma violência e tem que peregrinar entre os serviços públicos até conseguir acessar seu direito ao aborto legal. A outra realiza seu desejo de engravidar, mas ao passar por um aborto espontâneo sofre com os impactos da criminalização do aborto.
Além das histórias o Mapa de Argumentos Feministas em si permaneceu no material, sendo atualizado a partir de diálogos com diversos movimentos. O kit pedagógico também conta com um roteiro pedagógico, que dá sugestões de uso do material pensando os diferentes públicos com os quais pode ser usados e uma versão em audiodescrição para ser usado por companheiras cegas ou de baixa visão. Na própria Trilha se encontra também um QR Code, onde a educadora encontrará mais informações sobre as histórias, fontes utilizadas, materiais extras e leis que versam sobre aborto.