Continua a nossa luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência

Por Mazé Morais, secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora Geral da Marcha das Margaridas 2019.

Foto: Carol Coelho/Cobertura Colaborativa Feminista da AMB.

Parece que foi ontem, mas nesse dia 13 de setembro, há exatamente um mês, nós, mulheres do campo, da floresta e das águas, agricultoras familiares, chegávamos a Brasília. Éramos 100 mil mulheres que com garra, força, ousadia e coragem marchamos desde as nossas comunidades para coroar a 6ª Marcha das Margaridas e reafirmar a nossa luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência.

É impossível esquecer a expectativa da viagem, o cansaço, a disposição pra luta, os risos, o choro, a solidariedade, a generosidade, a partilha de histórias e dos fritos de galinha com farinha. A chegada em Brasília veio carregada de emoção, éramos muitas dividindo o mesmo espaço e um pavilhão preparado para nos receber. Pulsávamos juntas!

Ainda nos emociona lembrar da nossa marcha no dia 14 de agosto… com movimentos e ritmos variados, éramos vozes que cantavam, éramos gritos entoados. Por meio dos risos, dos olhares, do movimento dos nossos corpos, dos nossos gestos, da sonoridade dos tambores, marcamos o ritmo da marcha. A palavra falada, a palavra cantada, os sons, tudo se conjugava a um só tempo, compondo a estética da Marcha das Margaridas, a nossa forma mais marcante de comunicação simbólica.

Éramos milhares de mulheres, vivendo a experiência única de sermos uma coletividade, embalada por corações femininos que lutam por terra, água e agroecologia; pela autodeterminação dos povos, com soberania alimentar e energética; pela proteção e conservação da sociobiodiversidade, pelo acesso aos bens comuns, por autonomia, trabalho e renda; por previdência e assistência social pública, universal e solidária; por saúde pública e em defesa do SUS; por uma educação não-sexista e antirracista e pelo direito à educação do campo; pela autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade; por uma vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; por democracia com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres.

Nas vias públicas de Brasília, nós comunicamos os nossos desejos, os nossos propósitos, o nosso querer… Cada passo dado, desde as nossas comunidades, foram importantes para a tomada de decisões conjuntas que fortaleceram cotidianamente o nosso marchar e orientaram cada ponto da nossa Plataforma Política. Sim, nós mostramos a nossa força!

Nossa gratidão a todas as margaridas, trabalhadoras rurais, do campo, da floresta e das águas, às Federações e sindicatos, e também às organizações parceiras na condução dessa Marcha, às organizações internacionais, aos partidos políticos que se juntaram conosco e a todos os movimentos sociais, do campo e da cidade que se somaram a essa luta. Enfim, agradecemos todas e a todos que contribuíram pra 6ª Marcha das Margaridas fosse grandiosa. A Marcha das Margaridas 2019 renovou a luta do movimento sindical e a esperança das mulheres brasileiras, e do povo trabalhador, de que um país justo e um novo mundo é possível! 

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