Resistência. Esse foi o mote da explanação de Vera Baroni, Yábassê do terreiro Ylê Obá Aganjú Okoloiá e fundadora da Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco durante a conferência de abertura Corpos Livres, Estado Laico: Insurgências contra o fascismo e o fundamentalismo, do curso Caleidoscópio, realizado nos dias 11, 12 e 13 de julho em Recife pelo SOS Corpo.
Enfatizando os caminhos de resistência das populações negras desde o período colonial aos dias atuais, Vera enalteceu as diferentes formas de sobrevivência elaboradas para enfrentar o racismo, o fascismo, os fundamentalismos que, ao longo da história do país, criminalizam, perseguem e violam direitos de pessoas negras e de terreiro.
“Como já dizia Jurema Werneck, nossa luta vem de longe. Então, nós sempre conhecemos a violência, as perseguições. O que nós estamos vivendo hoje não é para nós uma grande novidade. É verdade que o fundamentalismo vai exacerbar essa violência, a discriminação, o racismo religioso, mas isso já é do nosso conhecimento. Desde que aqui chegamos, desde quando o primeiro negro que foi sequestrado de seu território e trazido à força para esse país, nós convivemos com a violência”.
Dentro do atual contexto do avanço do fundamentalismo bolsonarista, Vera Baroni denuncia o caráter nocivo, maldoso e de desrespeito que essa política representa para os direitos sociais conquistados. “Nós povos de matriz africana sabemos o que a dificuldade significa em nossas vidas. Porque nós nunca experimentamos aquilo que está sendo destruído, a democracia”.
Segundo a candomblecista, aprender com a ancestralidade e buscar essa memória de resistência são os caminhos para fortalecer a luta dos movimentos sociais no atual contexto. “A nossa sociedade precisa se fortalecer para resistir, da mesma forma que resistimos,” disse.
Confira no vídeo abaixo a fala completa de Vera Baroni durante o curso Caleidoscópio.
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