“Escrever e recitar é a gente falar a nossa história. Se não for nós mesmas, quem é que vai falar?”

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Amanda Timóteo, representante do Slam das Minas PE e do Coletivo Controverso Urbano – coletivo de poetas marginais e periféricos -, participou da roda de conversa Expressões culturais de resistência ao crescimento do conservadorismo – “A revolução será pela cultura ou não será!”, realizada durante o curso Caleidoscópio – Corpos Livres, Estado Laico, organizado pelo SOSCorpo entre os dias 11 a 13 de julho em Recife.

Poeta, mulher negra favelada e produtora cultural, Amanda trouxe para o debate a experiência revolucionária de organização das mulheres em torno da literatura, em um processo de tomada e disputa das narrativas através da linguagem da poesia. Com uma trajetória marcada pela resistência através da arte, ela pontuou a importância de se levantar a cultura periférica e marginal como uma forma de autorganização e de enfrentamento às opressões, em especial ao racismo e ao machismo, que marcam a experiência das mulheres negras na literatura.

Lugar de predominância da branquitude e da masculinidade como características que autorizam a fala, Amanda lembrou como as matrizes de desigualdade que localizam as mulheres negras na sociedade provocaram invisibilizações e apagamento da memória dessas experiências, uma vez que o reconhecimento da escrita das mulheres negras só tem sido evidenciado recentemente.

“É natural a necessidade de gritar, de falar por serem oprimidas o tempo todo”

Mesmo em espaços periféricos, o machismo predominava e afastava as mulheres de participar. Mas o cenário tem mudado. E isso fica evidente a cada edição do Slam das Minas. As mulheres “brotam” de todos os lugares para contar suas histórias. O Slam surge da necessidade das mulheres negras de falarem sobre suas vivências e olhares sobre o mundo.

Amanda Timóteo em participação no curso Caleidoscópio.

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