Um grande 8 de março contra Bolsonaro

Feministas vão realizar a primeira grande manifestação nacional contra o governo de Bolsonaro. Várias cidades pedem justiça por Marielle Franco, assassinada há um ano.

O 8 de março vai ser a primeira grande manifestação nacional contra o governo de Bolsonaro. Herdeiro do golpe, eleito através de um processo eleitoral manipulado para dar continuidade ao ataque à democracia e supressão de direitos sociais, Bolsonaro enfrentará muitas críticas das mulheres rechaçando suas políticas de governo, como a proposta de reforma da previdência. Em todas as regiões, as brasileiras estão se organizando há meses para realizar marchas, protestos e até mesmo carnavais pela democracia, por direitos e por justiça para Marielle Franco, ex-vereadora do Psol, executada na região central do Rio de Janeiro há quase um ano, 14 de março de 2018.  Há consenso forte nos estados sobre a importância de denunciar o aumento do feminicídio, principalmente entre as mulheres negras, o aumento dos crimes de ódio, entre eles o racismo e a lgbtfobia, além do fascismo e da permissividade em relação às violências sociais cotidianas.

No Rio de Janeiro, pelo histórico de violenta repressão policial nos protestos de esquerda, as ativistas decidiram manter sigilo sobre o trajeto do ato para preservar a segurança das mulheres. Já foram convocadas três plenárias com grande maioria de mulheres organizadas em partidos e sindicatos. Há uma pressão do movimento social para que a pluralidade seja garantida. Segundo a integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras, Angela Freitas, o agrupamento local AMB-RJ teve de montar uma estratégia específica para garantir espaço para os movimentos sociais. “Conversamos bastante internamente sobre isso e decidimos estrategicamente, convocar e articular outras feministas de outras organizações e movimentos, para conseguir maior representatividade às diversidades. Deu bom resultado!” avalia Freitas.

Em Pernambuco, principalmente no interior do estado, também há grande preocupação com a segurança das mulheres, entretanto, diferente do Rio de Janeiro, as ativistas nordestinas estão mais vulneráveis à violências sociais cotidianas cometidas por parte da população que apoia o governo Bolsonaro. A advogada e ativista do FMPE, Elisa Aníbal, explica que em Passira, região localizada no Agreste pernambucano, as situações de violências não acontecem durante os atos coletivos, mas acontecem muitas ameaças, hostilidades e agressões às ativistas quando elas  estão sozinhas. “Como as cidades de interior são pequenas e todos se conhecem, a visibilidade gerada para quem organiza e participa dessas atividades no interior é muito prejudicial, pois as mulheres nos casos mais comuns, ficam expostas às discriminações de pessoas com quem mantém relações muito superficiais, como o padeiro, o caixa do supermercado, o mototaxista, entre outros, e, em situações em situações extremas, são mapeadas por grupos anti-feministas” explica.

A política de segurança pública do governo do estado do Ceará, é uma das questões a levantadas pelas mulheres negras, mulheres de coletivos populares, de periferias, mulheres com familiares no sistema prisional e no sistema socioeducativo e pelas mães das pessoas assassinadas em chacinas e crimes violentos. No começo do ano, em menos de um mês, ocorreram 258 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. Disputas pela posição estratégica do Estado no comércio de drogas e ineficiência do governo fizeram mais de 2,7 mil assassinatos no Estado somente em 2018.

Para a recifense doutora em sociologia, Gabriela Falcão, as discordâncias são algo positivo e conta que tem percebido os movimentos sociais feministas mais organizados internamente para enfrentar tais conflitos internos. Ela conta que sempre há disputa entre partidos, sindicatos e coletivos autônomos, mas dá relevância ao fato de que há um saldo organizativo que vem sendo acumulado por conta de experiências anteriores recentes, como o 8 de março de 2017 e 2018, ambos bastante internacionalistas, e o #EleNão, por exemplo. Esses levantes feministas geram maior visibilidade do movimento, ideais e pautas, atraindo novas ativistas, mas ao mesmo tempo, faz com que aconteçam mais disputas e, consequentemente, maior necessidade de organização interna dos coletivos autônomos para incidência sobre as pautas a serem visibilizadas nos atos públicos.

Capitais com eventos publicados:

RJ – https://www.facebook.com/events/388406835268205/

SP – https://www.facebook.com/events/233357310874819/

RECIFE- https://www.facebook.com/events/239098713643252/

FORTALEZA – https://www.facebook.com/8Mfortaleza/

DF – https://www.facebook.com/8demarcounificadas/

Porto Alegre – https://www.facebook.com/events/1238823032923115/

BH – https://www.facebook.com/events/1223142611170917/


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