A Leitura Crítica – Saúde das Mulheres: injustiças, desigualdades e resistências, denuncia como desigualdades estruturais e omissão do Estado aprofundam o adoecimento das mulheres e reforça a urgência de políticas públicas integradas que fortaleçam o SUS
|Texto Fran Ribeiro – Comunicação SOS Corpo |

O SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia acaba de lançar a Leitura Crítica Saúde das Mulheres: Injustiças, Desigualdades e Resistências, que analisa, a partir de uma perspectiva feminista interseccional, como o adoecimento das mulheres está profundamente relacionado às desigualdades estruturais de gênero, raça, classe, território e orientação sexual.
Elaborado por Talita Rodrigues, mestra em Saúde Pública pela FioCruz, pesquisadora e educadora do SOS Corpo, a publicação reforça que saúde não é apenas ausência de doença, mas sim o resultado direto das condições de vida das pessoas. Para milhões de mulheres no Brasil, o acesso à saúde integral é atravessado por violências cotidianas, abandono do Estado e ausência de políticas públicas comprometidas com o cuidado.
Articulando dados publicados pelo Ministério da Saúde, Ministério das Mulheres, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, entre outras análises e estudos acadêmicos, a Leitura Crítica destaca que 1 em cada 4 mulheres vive sem abastecimento diário de água tratada e mais de 60% dos lares chefiados por mulheres negras enfrentam insegurança alimentar. O texto também alerta para o aumento dos ataques aos direitos sexuais e reprodutivos, com retrocessos graves em relação ao aborto legal e ao acesso a cuidados de saúde integral.
Além disso, a Leitura Crítica evidencia como a precarização da vida, a violência de gênero, o racismo e a ausência de saneamento básico, alimentação adequada e moradia digna impactam diretamente os corpos e as vidas das mulheres, provocando adoecimentos físicos e emocionais. Os altos índices de doenças crônicas, mortalidade materna, depressão, ansiedade e feminicídios não são acidentais, mas frutos de um modelo de sociedade que nega dignidade e cuidado a quem mais precisa.
O documento reforça a urgência de defender um Sistema Único de Saúde (SUS) público, popular, com participação social e centrado na vida das mulheres em sua diversidade. Mais do que nunca, é necessário enfrentar as estruturas que produzem sofrimento e desigualdade: o racismo, o patriarcado, o capitalismo neoliberal e o fundamentalismo religioso.
“A luta por saúde é também uma luta por justiça social, autonomia e democracia. Cuidar das mulheres é cuidar do presente e do futuro de toda a sociedade”, afirma Talita Rodrigues em um dos trechos da Leitura Crítica.
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