Nesta quarta-feira, 1º de junho, comitês populares, ativistas, cidadãos e cidadãs, ONG’s, grupos e movimentos sociais se reuniram para exigir ações emergenciais para a população afetada pelas chuvas
As fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos dias já somam 104 mortes (atualizado em 01/06), 26 desaparecimentos e 6.170 pessoas desabrigadas em Recife e Região Metropolitana. O cenário de destruição das casas assusta a quem passa por bairros fortemente afetados pelas águas que foram transformadas em lama e devastaram lares.
Nesse contexto, foi possível observar a ausência do estado na implementação de políticas públicas efetivas de mitigação aos efeitos das mudanças climáticas, de moradia e de transferência de renda. O descaso com as famílias foi visto na falta de prevenção desses problemas e está sendo percebido na ausência de solução a tragédia anunciada.
Com o objetivo de chamar atenção do poder público, cidadãs e cidadãos, movimentos populares, ONG’s e grupos que fazem parte da Frente Ampla pela Renda Básica Pernambuco*, realizaram um ato nesta quarta (dia 01), às 12h, no do Centro do Recife.
A manifestação saiu do centro de Recife em direção ao Palácio do Governo, onde foi realizado um ato simbólico em que companheiras de comunidades afetadas junto ao Fórum de Mulheres de Pernambuco se melaram com a lama das enchentes para representar as milhares de vítimas do descaso do estado. Durante o ato o grito de revolta que ecoou em forma de jogral foi: “Nos deram o caos, nós devolvemos a lama”. Em seu perfil nas redes o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST Pernambuco, declarou: “Estaremos nas ruas até que haja reparação e se construam políticas para que não se repita”.
Além das iniciativas solidárias de assistência emergencial, os grupos afirmam a necessidade de incidir politicamente junto ao poder público para expor a ausência do Estado nos territórios e cobrar por medidas eficazes, ao invés de ações de cunho eleitoreiro.
Para a Frente Ampla pela Renda Básica, as ações urgentes e efetivas se dão na garantia da renda básica, moradia, água e alimento para essas pessoas que estão vivendo em extrema vulnerabilidade social.
“Estamos aqui para denunciar o Governo do Estado de Pernambuco, a prefeitura do Recife e todas as prefeituras das cidades da Região Metropolitana que foram omissas sobre uma situação que vem sendo alertada há muito tempo e agora são as principais responsáveis por toda essa tragédia. A culpa não é só da chuva, a culpa é da falta de investimento do poder público. A prefeitura do Recife gastou mais de 150 milhões de reais em propaganda nos últimos três anos, e gastou 140 milhões em nove anos com políticas públicas para enfrentar o problema das chuvas. Isso é um absurdo! Tirou dinheiro da limpeza dos canais rios, em melhorias com saneamento básico para gastar com sua propaganda. Pois bem, vocês estão tendo os holofotes que vocês merecem no mundo de um poder público nefasto, omisso, de criminosos responsáveis por toda tragédia que a população está vivendo! Queriam propaganda? Tem agora os holofotes de injustiça mirados para vocês”, denunciou Verônica Ferreira, do SOS Corpo durante o ato. O Instituto Feminista para a Democracia é uma das organizações que compõe a Frente Ampla Estadual pela Renda Básica.
Entenda a relação da falta de investimento com as tragédias climáticas. O Fórum de Mulheres de Pernambuco produziu um vídeo-denúncia que traz os dados e os custos dessa política de morte: