8 DE MARÇO: NEM A GUERRA QUE NOS MATA, NEM A PAZ QUE NOS OPRIME!

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8 DE MARÇO: NEM A GUERRA QUE NOS MATA, NEM A PAZ QUE NOS OPRIME!

Neste 8 de março de 2022, Dia Internacional de Luta das Mulheres, expressão da organização e luta feminista ao longo da história, nós do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, nos manifestamos em defesa da ação política feminista para enfrentar o patriarcado racista capitalista, sistemas sangrentos que nos violam, nos matam e precarizam as vidas de nós mulheres! 

Estamos diante de um contexto social, político e econômico que aprofunda as desigualdades, que trouxeram a cruel realidade da fome, comparável aos indicadores da década de 1990, época do fortalecimento do neoliberalismo. E as mulheres, cis, trans, travestis, negras, lésbicas, indígenas, com deficiências, as mais empobrecidas, estão na linha de frente das que são atingidas por esta grave crise. 

Denunciamos as expressões de violência sob as quais estamos sujeitas pelas ações de forças políticas conservadoras em diferentes escalas e setores – executivo, legislativo, judiciário, mídia corporativa, igrejas neopentecostais, forças militares e milicianas. Essas forças difundem uma política de ódio e anti feminista que objetifica nossos corpos, se apropria de nossos territórios e viola nossos direitos  como estratégia de dominação patriarcal, racista e capitalista. Este poder masculino tenta nos alijar da nossa condição de sujeitos políticos, nos aprisionando ao espaço doméstico, instrumentalizando e controlando nossos corpos, obtendo lucro com a exploração da nossa força trabalho, impondo a maternidade compulsória, a sub representação nos espaços de poder e, se apropriando de nosso tempo no trabalho doméstico e nas tarefas de cuidados.

A condução do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos do Governo Bolsonaro materializa ataques diários às condições de vida de nós mulheres, atuando diretamente para a nossa criminalização. O desfinanciamento pública leva à desestruturação de todas políticas protetivas, em especial a rede de atendimento e proteção às mulheres e meninas vítimas de violência sexual, doméstica e em situações de abortamento legal. 

Em ano eleitoral, a gestão do Governo Bolsonaro contribui ainda mais para o avanço da violência política contra nós mulheres e a população LGBTQIA+, ampliando as dificuldades de acesso desses grupos às instâncias de poder político e mantendo o Brasil no ranking dos países com os piores indicadores de participação política das mulheres no parlamento do mundo. 

As precárias condições de vida das mulheres são o reflexo do conjunto de contra-reformas que atacam direitos e mecanismos de proteção no âmbito do trabalho, seguridade social – assistência social, saúde e previdência, contribui para a escalada da violência pública e privada, como estratégia patriarcal do controle e extermínio dos nossos corpos políticos, nosso primeiro território e em nossos territórios de moradia e de construção histórica. 

Essa forma de domínio sobre nossos corpos atravessa o “mar agitado da história” e se agrava no contexto de governos neofascistas e de estados de guerra, os declarados como na Europa e os não declarados como no Brasil e África. São disputas de domínio territorial que transformam os corpos de nós mulheres e meninas em objeto de violências e apropriação, utilizando o estupro como arma de guerra. Mais uma vez é a barbárie dos homens que desterritorializa, dissemina e promove apagamentos da história e de vidas. 

Repudiamos o discurso do deputado Arthur do Val (ex-MBL/Podemos), que numa situação de catástrofe mundial, tratou de forma desrespeitosa as mulheres ucranianas, assim como todas as mulheres que estão em territórios onde existem conflitos armados, como uma apropriação, uma objetificação sexual para os “desejos” masculinos. É uma violência material e simbólica na qual nos rebelamos. 

Insurgimo-nos contra um sistema de dominação que nos explora, domina e subjuga, um sistema patriarcal, capitalista e racista-colonial.  E neste dia de LUTA, marco na ação política de RESISTÊNCIA, nos unimos aos milhares de movimentos e coletivos feministas de todo o mundo para dizer NÃO! Não às políticas de morte que seguem em curso na conjuntura nacional e internacional! Não ao racismo, aos fundamentalismos e às relações de exploração e dominação que insistem em querer colonizar nossos corpos e subjugar a nós mulheres!

Seguimos juntas na luta feminista em defesa da vida! Por autonomia sexual, legalização do aborto e justiça reprodutiva! Contra a violência sexual e política! Contra o racismo e capitalismo, nos somando às vozes que gritam nas ruas, nas redes, nas rodas e nas ações diretas de tomada e retomada de territórios para gritar:  

É PELA VIDA DE TODAS AS MULHERES! 

PELO FIM DA FOME, DO RACISMO, DO FEMINICÍDIO E TRANSFEMINICÍDIO! 

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