Caleidoscópio 2021: ampliando o conceito para o enfrentamento à violência contra as mulheres
O Caleidoscópio, curso que integra o nosso Plano Anual de Formação, foi realizado nos dias 18 e 19 de novembro do ano passado com o tema “Viver Sem Violência é um Direito de Todas as Mulheres!”, refletiu sobre as questões que envolvem o vertiginoso aumento da violência contra as mulheres no Brasil nos últimos anos, desde a o golpe de 2016, até os dias atuais, com o cenário da pandemia de covid-19 amplificado pelo projeto fascista, fundamentalista e necropolítico do governo Bolsonaro. Trazemos aqui as videoaulas do nosso curso.
Por conta da pandemia, o Caleidoscópio foi realizado em formato híbrido, com o painel de abertura sendo transmitido ao vivo pelo nosso canal no youtube. Com as presenças de Analba Brazão, educadora do SOS Corpo e militante feminista da Articulação de Mulheres Brasileiras; Ana Paula Portela, pesquisadora da Population Research Center/Universidade do Texas; e Vilma Reis, representante da Campanha Nacional Contra o Feminicídio, o painel refletiu sobre três perguntas que giram em torno do tema: O que é violência contra as mulheres? Porque aumenta tanto? Como parar? Cada convidada apresentou elementos que foram importantes para ajudar a conduzir os debates que seguiram no dia seguinte. Assista o debate de abertura abaixo:
No dia 19 de novembro, tivemos mais dois painéis de debates. Respeitando os limites da realização de eventos presenciais dentro dos protocolos de prevenção e combate ao coronavírus, realizamos nosso encontro a partir da seleção de mulheres integrantes de movimentos sociais feministas e populares da Região Metropolitana do Recife, a partir de um número limitado de vagas. O encontro aconteceu no espaço aberto da Cozinha Solidária do MTST/PE, na cidade do Recife.
No painel da manhã, coordenado por Mércia Alves, educadora do coletivo político-profissional do SOS Corpo, sobre as dimensões sistêmicas da violência contra as mulheres, as convidadas apresentaram elementos que contribuiram para a ampliação do conceito de violência contra as mulheres, passando pelas dimensões estruturantes e estruturadoras que levam aos casos de violência contra nós.
A primeira convidada foi Natália Cordeiro, do Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), que apresentou reflexões sobre a dimensão patriarcal da violência contra as mulheres:
Para apresentar pontos que marcam a experiência de mulheres negras frente à violência, Rosa Marques, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco apresentou elementos sobre a dimensão racial da violência contra as mulheres:
Verônica Ferreira, pesquisadora que integrante do coletivo de trabalhadoras do SOS Corpo, apresentou elementos sobre a dimensão capitalista da violência contra as mulheres:
Para encerrar o painel da manhã, convidamos a vereadora da cidade do Recife, Dani Portela, que trouxe relatos e números sobre a dimensão política e cultural da violência contra as mulheres no Brasil:
Após o segundo painel, as participantes debateram em grupos e construíram coletivamente sínteses elaboradas a partir do que foi discutido nos dois primeiros momentos do curso. Na tarde do mesmo dia, o terceiro painel apresentou outras dimensões da luta contra a violência.
No painel sobre “As mulheres e suas lutas”, o objetivo foi de apresentar, a partir da experiência de cada movimento convidado, como se dá as perspectivas de enfrentamento à violência contra as mulheres em diferentes frentes de luta.
Liana Araújo, sindicalista que integra a Secretaria de Mulheres da CUT/PE, apresentou um pouco dos desafios e possibilidades da luta contra a violência e visibilização da pauta das mulheres dentro do mundo do trabalho e no meio sindical:
Refletindo sobre a criação capitalista de uma guerra contra as populações negras e periféricas através da criminalização das drogas, Bárbara Pereira, da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), abordou os desafios da luta contra a política de guerra às drogas:
Vitória Genuíno, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Pernambuco (MTST/PE), foi uma das convidadas do painel para falar sobre a experiência, desafios e dificuldades de fazer o enfrentamento da violência contra as mulheres em ocupações urbanas. Refletindo a experiência do MTST, Vitória apresentou elementos como o déficit habitacional como sendo um agravante da situação de vulnerabilidade das mulheres nas ocupações: (Por conta de um problema técnico com a câmera, a gravação da participação de Vitória acabou sendo prejudicada. Pedimos desculpas por isso.)
Encerrando o painel “As mulheres e suas lutas”, Maria Daniela, integrante da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais (AMOTRANS/PE), falou sobre o enfrentamento à violência contra as identidades trans, trazendo pontuações sobre como as desigualdades impostas pelo cisheteropatriarcado racista, coloca as mulheres trans e travestis no extremo da vulnerabilidade social. (Tivemos o mesmo problema técnico aqui. Pedimos novamente desculpas).
Sabemos que os desafios para seguirmos travando essa luta são imensos, mas continuamos vigilantes e juntas, produzindo conhecimento para abarcar cada vez mais todas as mulheres, em defesa de nossas vidas.
“O projeto de dominação dos homens sobre nós seria perfeito se não conseguíssemos construir entre nós estratégias de resistência coletiva e enfrentamento ao poderio masculino. É a partir desse lugar de enfrentamento e resistência, enquanto feministas que insurgimos cotidianamente contra todas as formas de violência e opressões que almejam nos aniquilar.”
[LEITURA CRÍTICA] A situação da violência contra as mulheres no cenário pandêmico (SOS Corpo, 2021)
Leia também: [LEITURA CRÍTICA] A situação da violência contra as mulheres no cenário pandêmico https://soscorpo.org/?p=14870