25N Queremos viver sem violência!

VIVER SEM VIOLÊNCIA É UM DIREITO DE TODAS AS MULHERES!

Viver sem violência é um direito de todas as mulheres não somente no dia 25 de novembro, data que marca a luta contra essa violência. Viver sem violência é um direito de todas as mulheres, por todos os dias. No entanto, não é de hoje que o Estado brasileiro vem sendo cúmplice ou mesmo autor de violências diversas contra as mulheres. 

Desde o ano de 2020 enfrentamos um dos piores cenários sociais, políticos e econômicos das últimas três décadas. A pandemia chegou no país e ajudou a concretizar um cenário de caos que já vinha se construindo desde o golpe de 2016, com o aprofundamento do projeto neoliberal, do avanço de setores conservadores e fundamentalistas em instituições públicas e no congresso nacional, bem como o aumento da violência em diferentes dimensões na vida das mulheres.

Imagem de capa da publicação Leitura Crítica

Esse é um trecho do Dossiê Leitura Crítica: A situação da violência contra as mulheres no cenário pandêmico, publicado pelo SOS Corpo no segundo semestre de 2021. Você pode ler ou baixar o material gratuitamente clicando no botão abaixo.

Crédito da imagem: Fernando Frazão

A proteção não funciona para mulheres negras

De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021), 81,5% dos casos de feminicídio e de mortes violentas intencionais de mulheres no Brasil em 2020 foram cometidos pelo companheiro ou ex-companheiro da mulher, sendo 61,8% das vítimas de feminicídio no Brasil e 71% das vítimas de demais mortes violentas intencionais, eram mulheres negras. 

Os números evidenciam como o contexto político, social e econômico, aprofundou a precarização e vulnerabilidade da existência das mulheres negras, que seguem sistematicamente sendo as mulheres que mais morrem de feminicídio e transfeminicídio no Brasil. 

Como diz Mércia Alves, integrante do SOS Corpo, feminista da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, “o sistema patriarcal, colonial e racista tem na violência contra mulheres um dos seus mecanismos de controle, dominação e subjugação aliada aos elementos de classe e racial”. Leia mais no link na bio.

Crédito da imagem: Thiago Paixão

A CASA NÃO É UM LUGAR SEGURO PARA AS MULHERES

A pandemia da Covid-19 que assola o Brasil e o mundo desde 2020 revelou um dado que o movimento feminista já denuncia há décadas: a casa não é um espaço seguro para as mulheres. Durante o período da quarentena, o confinamento revelou o aumento do número de violência doméstica. A proximidade da casa com a violência é constatada também pelos números que se referem ao perfil dos agressores. 

De acordo com dados do Fórum de Segurança Pública (2021), 72,8% dos autores das violências sofridas são conhecidos das mulheres. Há aqueles com quem muitas dividem a casa e a vida cotidiana: 25,4% são cônjuges, companheiros ou namorados. Aqueles que não estão mais em uma relação afetiva-sexual com as vítimas, ex-cônjuges, ex-companheiros e ex-namorados representam 18,1% dos agressores nestes casos. Há ainda o registro de violência familiar, onde as pessoas agressoras são de outros graus de parentesco: 11,2% são pais e mães; 4,9% são padrastos e madrastas; e 4,4% são filhos e filhas. Leia mais no nosso Dossiê Leitura Crítica sobre violência  (link na bio).

Imagem de capa da publicação Leitura Crítica

Para dados e análises sobre o contexto de violência contra as mulheres durante a pandemia, baixe a Leitura Crítica lançada pelo SOS Corpo em setembro/2021

O CICLO DA VIOLÊNCIA COMEÇA NA VIOLAÇÃO DE DIREITOS

O ciclo da violência contra as mulheres começa a partir de uma série de violações em casa, na escola, nas instituições religiosas, no trabalho, com a negação de direitos e acolhimento, tem o seu ponto final com o assassinato das mulheres e a certeza da impunidade para os agressores. A violência contra as mulheres têm o seu ápice no feminicídio, transfeminicídio e no lesbocídio. Em relação às mulheres e meninas indígenas, as violências sofridas por elas – inclusive os feminicídios -, são totalmente invisíveis e subnotificadas.

Os dados demonstram ainda que 80,5% das vítimas de feminicídio no Brasil e 73,5% das vítimas das demais mortes violentas intencionais de mulheres, estão na faixa etária de 18 a 49 anos. Os números apontados pelos levantamentos, bem como os recentes casos de violência contra meninas indígenas revelam como a epidemia da violência contra as mulheres têm chegado a um perfil cada vez mais jovem de mulheres que morrem por crimes de ódio. 

As vítimas destes crimes são em sua grande maioria meninas negras, indígenas, pardas, em situação de vulnerabilidade por conta de suas condições de vida, geralmente moradoras de territórios e comunidades periféricas, seja no contexto urbano ou em cidades do interior do país. O ciclo de violência vai do silenciamento das vítimas até a morte.

Você confere mais sobre essa pesquisa no Dossiê Leitura Crítica sobre violência, de nossa autoria, disponível no link na bio.

Viver sem violência é um direito de todas as mulheres foi o tema do curso Caleidoscópio realizado pelo SOS Corpo entre 18 e 22 de novembro de 2021. Para a live de abertura do curso convidamos Ana Paula Portela, da Population Research Center/Universidade do Texas, Vilma Reis, representante da Campanha Nacional Contra o Feminicídio e Analba Brazão, educadora do SOS Corpo. Joziléia Kaiagang, da Articulação Nacional da Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), infelizmente não pode participar

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