NOTA DE APOIO AO MTST/PE: Solidariedade Feminista na luta por moradia digna!

Nos três primeiros dias desta semana, de 27 a 29 de setembro, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto de Pernambuco – MTST/PE -, realiza a terceira Jornada de Luta por uma Política de Moradia no estado. Nós, do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, manifestamos nosso total apoio às reivindicações do movimento e solidariedade às trabalhadoras e trabalhadores do MTST, que não têm medo de lutar por melhores condições de vida, por moradia, por uma cidade com direitos para a coletividade e contra os privilégios para a classe dominante branca e proprietária. 

Com atos realizados em Recife e Olinda, o MTST/PE tem na Jornada de Luta um instrumento de denúncia e reivindicação contra a falta de diálogo dos governantes e para pressionar o Poder Público por soluções habitacionais nos municípios. O objetivo é exigir do estado a consolidação do Plano Estadual de Habitação Popular, que dialogue com as necessidades de milhares de famílias que não têm condições de moradia digna nas cidades. 

O déficit habitacional e a precarização da vida das mulheres nas cidades de Recife e Olinda é um reflexo da desigualdade que se expressa em números, mas também de maneira visível, ao olhar a paisagem destes territórios. A especulação imobiliária avança a passos largos, reduzindo as chances de que um Plano Popular de Habitação seja realizado para garantir qualidade de vida à milhares de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, trabalhadoras e trabalhadores informais, populações em maior vulnerabilidade social, em situação de risco extremo antes e, principalmente depois da pandemia de Covid-19. Ao invés de dialogar com a população e seus movimentos representativos, os Poderes Públicos ignoram àquelas e àqueles que mais precisam de moradia, mas seguem atendendo aos interesses do capital especulativo e imobiliário, em sua maioria, homens brancos e enriquecidos pela desigual distribuição dos bens comuns. 

O contexto de desigualdade habitacional, a falta de garantia de acesso à direitos básicos atinge em diferentes níveis a vida das mulheres, sobretudo as mulheres negras que vivem em situação de empobrecimento acirrado pela política de morte do governo genocida de Bolsonaro, bem como dos atravessamentos políticos que marcam os interesses econômicos presentes nas gestões do governo do Estado de Pernambuco e nas prefeituras de Recife e Olinda há décadas. Sem acesso à moradia e à políticas públicas, as mulheres e suas famílias reagem com insurgência por melhores condições de vida. Elas defendem outra forma de fazer política, com participação popular, como caminhos possíveis para a transformação da realidade, por isso nós, que construímos o feminismo, nos somamos às reivindicações e no apoio ao MTST. 

Enquanto habitar a cidade de forma digna for um privilégio, nos somaremos às trincheiras de luta para garantir condições e direitos para as mulheres, para o povo preto e trabalhador. 

Recife, 29 de setembro de 2021.

SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia

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