Nós, do coletivo do Sos Corpo Instituto Feminista para a Democracia, expressamos nossa tristeza pela partida de Nilcéa Freire, ex-ministra de políticas para as mulheres e companheira de luta feminista.
Sentimos tristeza por sua perda, mas a memória de suas lutas e ações de imediato nos aparece como um consolo por ter compartilhado essa existência. Nilcea era uma companheira, e sentiremos, já sentimos, a falta que essa perda nos traz e nos trará sempre.
A memória de sua trajetória é parte da história por democracia de nosso país em suas dimensões feministas e antirracista. Nilcéa deixa um legado na história de luta por uma educação superior pública democratizada.
Essa memória, que vive em nós, deverá sempre ser preservada como parte da caminhada de luta e resistência que percorremos juntas.
Ela implantou com pioneirismo a política de cotas raciais e para egressos de escola pública na Universidade do Rio de Janeiro, quando foi reitora.
Apoiou a luta das mulheres contra a reforma da previdência em 2007, a as ações pelos direitos das trabalhadoras domésticas. É também no marco de sua gestão que se realiza o amplo processo que levou à promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006.
Em 2008 (?), foi homenageada pelo Fórum de Mulheres de Pernambuco e pelo Sos Corpo, num gesto político de apoio ao fortalecimento das políticas para as mulheres no país.
Um dos marcos de sua gestão como Ministra foi quando, em meio a muita tensão, levou em mãos ao Congresso Nacional um projeto de lei para a legalização do aborto elaborado por uma comissão tripartite, compromisso da conferência nacional de políticas para as mulheres. Enfrentou a pressão do próprio governo, que lhe pedia que aguardasse.
Ela foi.
Era uma das bravas.
A Nilcéa, nossa homenagem por sua vida cheia de sentido e plena de esforços pela justiça.