Transformar o mundo e a nós mesmas pelo feminismo

O SOS Corpo – Instituto Feminista pela Democracia acredita que a luta feminista é uma luta coletiva, que se fortalece a partir da diversidade de mulheres que a constrói, pois não existe democracia sem a voz das mulheres. É sempre em movimento coletivo que lutamos por direitos, nos entendendo enquanto sujeitas da transformação social, pautando os valores do nosso feminismo antirracista, anticapitalista e antissistêmico, valores negociáveis parte de nossa existência.

Seguimos acreditando na nossa força política e coletiva, com a nossa diversidade e contradições, sempre em movimento na luta para garantir os nossos direitos e em defesa da potência política que somos, enquanto agentes fundamentais para a transformação social. Para nós não há mudança possível nem sistema verdadeiramente democrático se nós não formos parte central desta mudança.

A luta antisistêmica, feminista antirracista, anticapitalista, anticapacitista e contra a LGBTQIA+fobia e todas as opressões que violam as mulheres e as populações politicamente minorizadas, é o caminho pelo qual guiamos a transformação que desejamos. Entendemos que o sistema capitalista, essa máquina de moer gente, não nos serve e cada dia mais defendemos que é imprescindível o seu desmantelamento, pois não haverá igualdade, seja de gênero, raça ou classe dentro dele.

A exploração e as desiguais condições de vida, que se articula a outros sistemas de poder, como o racismo e o sexismo, atua de forma mais severa sobre os corpos do povo negro e da classe trabalhadora, sobretudo, das mulheres negras, populares e periféricas. Em nosso país são elas as responsáveis pelo cuidado e a sustentação da vida de suas famílias e comunidades, atuando em trabalhos mal remunerados, invisibilizados, e em jornadas intermitentes, que acumulam sobrecargas com o trabalho produtivo e reprodutivo. Por isso defendemos que o nosso feminismo enfrente todos esses sistemas de poder de forma relacional, através de uma perspectiva popular e antisistêmica, cuja prioridade é a autonomia política, econômica, social e subjetiva das mulheres.

Defendemos também a liberdade dos corpos, da autodeterminação reprodutiva e livre, em que as leis do Estado não possam mais governar sobre nossos corpos de forma a controlá-los, puni-los e proibi-los, como acontece hoje; mas que garantam o nosso direito de viver uma vida livre de violências e respeitando as nossas escolhas. Assim como defendemos um sistema verdadeiramente democrático, com a participação das mulheres negras, lésbicas, trans, periféricas e populares, devidamente representadas nos lugares institucionais e de poder, rompendo com a velha política branca, masculina, rica e heterossexual que nos nega direitos e nos rouba a possibilidade de viver plenamente.

Para nós a luta por melhores condições de vida, liberdade, garantia de direitos básicos como à saúde, ao trabalho digno e à uma vida livre de violências e exploração, só é possível, a partir do fortalecimento da autorganização, dos movimentos feministas antirracistas e populares e do protagonismo das mulheres em organizações mistas, em suas dimensões locais, regionais, nacionais e internacionais. Lutar por uma sociedade verdadeiramente transformada e radicalmente democrática passa por tudo isso,  para que possamos construir novos caminhos civilizatórios, igualitários e pelo Bem Viver.

Seguimos acreditando na luta pela transformação do mundo, pela emancipação e liberdade de cada um e cada uma, pois uma sociedade boa para as mulheres viverem é boa para todo mundo!

Pertencimentos