“Saudações feministas de uma pastora evangélica que não conversa com Jesus numa goiabeira. Porque na hora que a gente precisa ter coragem de se colocar na frente de um auditório deste, de se assumir como pastora evangélica, a gente tem logo que dizer de que espaço nós estamos falando”.
Foi assim que a pastora feminista Sônia Mota, Diretora Executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), começou sua participação na conferência de abertura da edição de julho do curso Caleidoscópio: Corpos livres, Estado Laico, para falar de insurgências dentro dos espaços de luta das mulheres contra os fundamentalismos. Mas antes de adentrar no tema, a pastora fez um pedido importante:
“Vou pedir para que também nos desarmemos e que evitemos a caricatura de que evangélico é sinônimo de fundamentalista. Que os evangélicos e as evangélicas são os únicos responsáveis pela situação que estamos vivendo”, pontuou Sônia. Trazendo seu ponto de vista desde a perspectiva da Teologia Feminista, a teóloga falou de suas experiências no exercício do pastorado, do enfrentamento à ideologia patriarcal presente em um lugar tão marcado pelo machismo, além de seu sentimento de não lugar ao colocar seu posicionamento feminista para a igreja, bem como de pontuar sua prática religiosa dentro dos movimento sociais.
“Então, vamos assumir que vivemos em uma sociedade violenta, machista, homofóbica, racista e que posturas fundamentalistas estão presentes em todas as tradições de fé, inclusive dentro de nossos movimentos”, ressaltou a pastora, observando ainda a grande influência dos discursos religiosos na naturalização das desigualdades sociais e nas opressões que operam diretamente na vida das mulheres.
A partir de sua trajetória, Sônia afirmou ter consciência de que “o fundamentalismo econômico, que afirma que não existe vida fora do mercado e que aposta no neoliberalismo, do fundamentalismo político, que tem impedido o fortalecimento do estado democrático e o exercício da cidadania plena de todas as pessoas e o fundamentalismo religioso, são os grandes responsáveis pela situação que estamos vivendo agora”.
Assista a fala completa da pastora na conferência de abertura do curso Caleidoscópio:
One thought on ““O fundamentalismo econômico, político e religioso são os grandes responsáveis pela situação que estamos vivendo hoje””