De hoje até sábado, 14, ruas e praças dos municípios de Escada, Palmares, Catende, Joaquim Nabuco e Água Preta serão tomados por ações de rua – “Direito na Praça”–, uma iniciativa coletiva dos Centro de Mulheres de Joaquim Nabuco, da Associação de Mulheres de Água Preta, do Centro de Mulheres de Catende, Grupo Mulheres Vitória, Associação de Mulheres de Catende, Associação de Mulheres de Terreiro e CEAS Rural-Palmares.
A atividade tem o objetivo de visibilizar as denúncias do movimento sobre a situação da violência contra as mulheres, destacando, especialmente, a violência sofrida contra as mulheres negras. Estes municípios possuem altos índices de violência, que demonstram a persistência das relações de poder que fazem da violência um instrumento de dominação das mulheres pelos homens.
A violência contra as mulheres foi tema do Encontro de Intercâmbio e Articulação Microrregional, realizado em outubro, em Palmares, quando as mulheres destas e outras organizações locais denunciaram a precariedade da rede de serviços da Mata Sul, sendo a principal reivindicação a necessidade de uma delegacia regional da mulher e uma rede de serviços articulada e estruturada. Apesar da diversidade em termos de população e indicadores sociais, é possível perceber que as mulheres de Escada, Palmares, Catende, Joaquim Nabuco e Água Preta trazem as mesmas inquietações no que se refere às vulnerabilidades a que estão submetidas no seu dia-a-dia.
Magnitude do problema
Só entre abril e maio deste ano, Catende registrou 12 casos de estupro. O município tem 32 mil habitantes, mas só conta com 4 policiais. Já Água Preta possui 35 mil habitantes e apenas 2 policiais. De acordo com o diagnóstico “Violência Contra as Mulheres e Rede de Serviços”, realizado em 2014, pelo SOS Corpo nesta região do estado, 37% das mulheres da Zona da Mata Sul já sofreram algum tipo de violência física ou sexual cometida por parceiro ou ex- parceiro.
Entre 2008 e 2012, foram registrados 141 homicídios de mulheres na região, sendo 20 em Escada e 17 em Palmares. De 2009 a 2012, 392 casos de violência doméstica foram notificados. Já de 2009 a 2013, 71 mulheres maiores de 15 anos da Zona da Mata Sul foram internadas em hospitais por conta de agressões. Vale ressaltar que, comumente, os números não condizem com a realidade devido ao medo que as mulheres têm de denunciar as agressões, por não se sentirem protegidas pelo poder público.
As atividades desta semana serão realizadas nas feiras e praças de cada município até sábado, com apresentações teatrais, enquetes, discursos e distribuição de panfletos construídos pelos centros e associações de mulheres contendo informações sobre o quadro da violência contra as mulheres na região. Nestes municípios, estes grupos integram a Articulação de Mulheres da Mata Sul (AMMS) que tem atuado com incidência política em toda região junto ao Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), a partir de ações de fortalecimento e de denúncia – em suas bases e no coletivo – das situações de opressão em que vivem.
A atuação das mulheres nesta ação conta com apoio do grupo teatral Loucas da Pedra Lilás e do SOS Corpo. As apresentações foram montadas a partir de debates e de trocas de experiências pessoais entre as mulheres, que mandarão um recado à população local e aos gestores públicos, dizendo não ao machismo, ao racismo, à lesbofobia, a todas as formas de violência contra as mulheres.
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