Durante dois dias, representantes de 31 organizações e movimentos feministas diversos de Pernambuco se reuniram para avaliar os acúmulos, desafios e estratégias nestes três anos de Campanha Permanente e se organizar para o Encontro Nacional que vai acontecer em novembro, em Brasília.
|Texto: Fran Ribeiro/SOS Corpo | Fotos: Comunicação Campanha Levante PE |
Nos dias 11 e 12 de setembro, cerca de 40 mulheres representantes de 31 organizações e movimentos feministas diversos, de quatro regiões do estado de Pernambuco se reuniram na sede da FASE em Recife, para discutir os rumos da Campanha Levante Feminista Contra o Feminicídio, Lesbocídio e Transfeminicídio de Pernambuco em seu 3º Encontro Estadual. O SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia foi uma das organizações presentes no Encontro, onde reforçamos o nosso compromisso com a luta pelo fim da violência contra as mulheres e com a construção da Campanha.
O Encontro foi um momento bastante rico, afetuoso, feito de troca de abraços e da chegada de novas companheiras para construir a articulação. No primeiro dia da programação, as participantes discutiram a partir da análise da conjuntura política e da situação do enfrentamento à violência contra as mulheres e do feminicídio nacionalmente e localmente. Após a explanação e o debate, as participantes foram divididas em grupos para aprofundar algumas questões, entre elas, quais os desafios para enfrentar a violência contra as mulheres e o feminicídio em Pernambuco.
No segundo dia da atividade, as participantes compartilharam a síntese do debate nos grupos, reforçando a importância da Campanha como ação permanente pelos resultados acumulados nestes três anos da articulação. No período, a Campanha articulou 69 sujeitos políticos, organizações e movimentos feministas que de maneira orgânica, se juntaram para construir os processos de incidência para o enfrentamento da violência contra as mulheres em Pernambuco. Foram processos de muito diálogo entre sociedade civil e instituições públicas, que resultaram em manifestos, dossiês, cartas e audiências públicas a partir das denúncias colhidas no processo de mapeamento da situação das políticas públicas de enfrentamento a este problema.
Os grupos destacaram ainda a parceria com o Ministério Público do Estado de Pernambuco, que permitiu um alcance estadual da Campanha, com o monitoramento do orçamento do Estado e dos municípios destinado à efetivação de políticas públicas de proteção e promoção da vida das mulheres, e com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, a partir do mandato da deputada estadual Dani Portela (PSOL), que também integra a Campanha.
As parcerias Institucionais permitiram ampliar o monitoramento para averiguar as denúncias recolhidas sobre a situação das Casas Abrigo, bem como a escuta ativa em todas as cinco regiões, através da realização de Seminários que possibilitaram a Campanha passasse por um processo de interiorização, conseguindo chegar em municípios que antes não havia chegado. Diante de resultados tão expressivos de uma articulação que vem sendo construída coletivamente a tantos braços e pernas, as participantes do Encontro Estadual reforçaram também a importância da continuidade da Campanha no Estado de maneira permanente.
Ainda no segundo dia do encontro, as participantes aprofundaram a discussão em torno de outras questões, como quais desafios se colocam na luta de enfrentamento à violência contra as mulheres no Estado e como fazer para construir uma campanha permanente a nível nacional. Novamente divididas em grupos, as representantes de organizações e movimentos seguiram para uma nova rodada de debate.
Novas estratégias de enfrentamento local e nacionalmente
Apesar dos desafios, os grupos apresentaram estratégias e caminhos possíveis para a continuidade das ações da Campanha, que serão propostas durante o Encontro Nacional da Campanha Levante Feminista, que está marcado para acontecer entre os dias 2 e 5 de novembro deste ano em Brasília. De acordo com Analba Brazão, educadora do SOS Corpo e referência na luta no enfrentamento à violência contra as mulheres, o Encontro Estadual foi um momento significativo que permitiu analisar o contexto e projetar futuro.
“Foi o momento de debatermos a importância da continuidade da Campanha localmente e nacionalmente e nos organizar para nos fazermos presentes no Encontro Nacional. As mulheres entenderam que é importante continuar com a articulação da Campanha e seguirmos construindo a luta pelo fim da violência contra as mulheres, atuando no sentido primeiro de fortalecimento das políticas públicas de prevenção e, ao mesmo tempo, atuar na mudança de mentalidades para que os casos de violência não cheguem as vias de fato que é o feminicídio, o lesbocídio e o transfeminicídio. O machismo e a misoginia tem matado mulheres todos os dias e precisamos seguir na luta para acabar com a violência contra as mulheres”, destacou Analba.