A assistente social, pesquisadora e feminista negra Mércia Alves, integrante do coletivo político-profissional do SOS Corpo, apresenta no seguinte artigo uma análise do agravamento das condições de vida das mulheres negras no contexto da pandemia de Covid-19. Há um ano estamos diante de um cenário de aprofundamento das desigualdades sociais que tem elevado a situação de fome e de violência doméstica na vida de milhões de mulheres negras e populares, fenômenos que são consequência das estruturas sociais que sustentam o sistema patriarcal, colonial e racista. De acordo com Mércia Alves, estamos “vivenciando uma conjuntura política que reforça uma ordem calcada no medo” e que promovem “situações de verdadeira barbárie social”.
O ódio como política do governo federal lança para as/os profissionais do Serviço Social desafios teóricos políticos, uma delas a necessidade de ampliar as referências teóricas críticas, dando ênfase às contribuições de feministas negras e decoloniais que imprimem olhares epistemológicos baseados em experiências marcadas pelo gênero, pela raça e pela classe social.
O artigo que tem o título “Reflexões interseccionais e decoloniais à luz do feminismo negro sobre a violência contra as mulheres no contexto de crise econômica e pandêmica: desafios teóricos políticos para o Serviço Social”, traz dados Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2020) para analisar as condições que proporcionam o aumento da violência doméstica e o empobrecimento das mulheres no contexto da pandemia. A elaboração foi apresentada pela autora no I Simpósio Serviço Social e Relações Étnico-Raciais, evento online realizado de 15 a 18 de dezembro de 2020, no Grupo de Trabalho 11 – Diálogos plurais sobre feminismos, gênero, raça, sexualidade e classe social.