O dia 22 de março é o Dia Mundial da Água. Um bem comum da humanidade, um direito humano fundamental. Mas, as principais reservas, fontes naturais e subterrâneas, a exemplo do Aquífero Guarani (a maior reserva no Brasil e do mundo) sofrem diários ataques e ameaças de privatização pelas grandes empresas.
Cerca de 3 bilhões da população mundial não possuem em suas casas um local e água potável disponível para realizar medidas simples de prevenção a Covid-19, como lavar as mãos com água e sabão. A falta de água potável e de qualidade, assim como o saneamento ambiental, é uma violação cotidiana deste direito humano e afeta a maioria dos lares e da população moradora das periferias urbanas, rurais e em territórios das populações tradicionais. Ou seja, a falta de acesso à água atinge a população pobre, a classe trabalhadora, população negra, indígena, quilombola, e em especial as mulheres por ter no acesso à água um dos bens fundamentais para a dinâmica cotidiana com as obrigações com o trabalho doméstico, familiar e de cuidados.
Essa realidade de não acesso à água em Pernambuco e região metropolitana do Recife só vem piorando nos últimos 10 anos como uma rotina e uma “normalização” sobre a escassez hídrica nos grandes reservatórios, mas sem nenhuma medida de enfrentamento. A realidade da população do campo e das cidades é conviver com o desabastecimento ou abastecimento desigual no mesmo bairro, território; água de péssima qualidade ou, ainda, com o acesso em horário incompatível com o uso doméstico, dentre outras situações. É um problema que atravessa gestões públicas, estadual e municipal. E o problema permanece e a conta, em tempos de racionamento, continua a chegar.
O Dia Mundial da Água é uma demarcação política e uma medida afirmativa na luta por direitos. Mas, em tempos de privatização das concessionárias públicas de água e saneamento, e em tempos de pandemia, o simples ato de lavar as mãos como medida de prevenção é um desafio. Aproveitamos esse dia para denunciar a violação deste direito a um bem comum natural como parte da nossa luta feminista pelo direto à cidade.
É um desafio nesse cenário de escassez afirmar a luta pelo direito à água como direito à vida! E na pandemia ter acesso à água pode salvar vidas!
Por isso, defendemos uma política justa e de qualidade no abastecimento e no acesso à água nas cidades, bairros, periferias, no campo e territórios de populações tradicionais.