Centro Cultural Feminista do SOS Corpo tem ação de reestreia em novo formato

No próximo domingo (06), diferentes coletivas político-culturais de Recife se somam ao SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, para a inauguração de um novo momento do Centro Cultural Feminista do SOS. Reconhecido espaço de resistência, o CCF se tornou ao longo dos anos um lugar de referência para organizações e coletivos dos movimentos sociais por ser sede de debates, atividades de formação política, lançamento de livros, reuniões e eventos culturais.

Este ano lançamos um chamado para diferentes organizações e coletivas da cidade para se juntarem numa proposta de gestão colaborativa do espaço, com o objetivo de ampliar e fortalecer a cena feminista política-cultural, artivista e revolucionária no Centro Cultural Feminista do SOS Corpo. Atenderam esse chamado inicial as coletivas Filhas do Vento, Mulesta, Mulheres no Audiovisual PE – MAPE, Pixegirls, Slam das Minas PE e Vadias, que tem se reunido nos últimos meses num processo de gestação do projeto, que terá sua estreia em uma ação político-cultural com o tema “Artivismo para combater o fascismo”.

Tendo como foco a compreensão da arte como instrumento de luta contra os sistemas de opressão, sobretudo em um contexto de avanço do fascismo e do conservadorismo no país, o projeto do CCF não poderia ter uma outra perspectiva. A ideia é construir ações que abarquem várias linguagens, com artistas e coletivos que estão pela cidade que atuem com artes visuais, com música, teatro, literatura, performances, e que tenham uma pegada antirracista, anti-patriarcal e anti-capitalista. Tanto que nesse momento de reestreia, o CCF conta com uma programação diversa e ampla, com oficinas, apresentações musicais, intervenção poética, exposição de artes, venda de produtos artesanais e espaço para as crianças. Conheça a programação e confirme sua presença no evento!

Para Viq, da Coletiva Mulesta, a oportunidade de aprendizado através de uma prática autogestionada entre diferentes agrupamentos de mulheres foi o que instigou a Coletiva a atender o chamado. “Sendo o nosso coletivo horizontal y autogestionado, todas as nossas construções são feitas em grupo a partir de consensos e como nosso norte é fortalecer as mulheres y afeminadas do underground pernambucano e nordestino, estar entre outras coletivas que, dentro dos seus espaços e particularidades, partilha desse mesmo objetivo é de um aprendizado imenso pra gente. Se expressar é um ato muito potente para corpas historicamente silenciadas, através da arte então nem se fala, ver outras mulheres e afeminadas nos seus processos de construção coletiva serve para reforçar que estamos no caminho certo, que juntas podemos alcançar tudo que estiver dentro dos nossos ideais, e reformulá-los juntas também”, declarou a militante.

Outra coletiva que está nesse processo de construção é a Filhas do Vento, Coletiva formada por militantes negras que tem como principal o objetivo da organização, promoção do empoderamento de mulheres negras. Para Emanuele Nascimento, o convite chegou como um desafio, principalmente pela diversidade que a proposta representa.  

“Quando recebemos o convite de somar na construção do Centro Cultural Feminista, pensamos inicialmente no grande desafio que essa proposta representava. Desafio tanto em relação à nossa organização interna, como em relação ao contexto político atual que estamos vivenciando. Passado o susto e chegada a alegria, entendemos que participar desse processo representava para nós, mulheres negras, uma possibilidade de fortalecimento do nosso coletivo, aumento da nossa capacidade de enfrentamento e resistência ao avanço do fascismo em nossas vidas. Mas ao colocarmos a “mão na massa”, vimos que realmente não tínhamos dimensão dos ganhos coletivos que o fato de estarmos juntas nos possibilitava. Estarmos com outras Coletivas tão diversas, mas que têm assim como nós, o interesse da transformação social por meio do fortalecimento das mulheres, tem sido uma experiência que tem nos possibilitado estarmos vivas, ativas e erguidas, nos convidando para ir além da garantia da sobrevivência diante das dores desse contexto de repressão. Assim, essa construção coletiva nos convida tanto (re)pensarmos nossas estratégias de resistência contra as mais diversas opressões, mas principalmente nos revelou e confirmou o quão potente e revolucionário é o protagonismo de mulheres quando estas simplesmente decidem se unir”, contou Emanuele. 

Para Analba Brasão, integrante do SOS Corpo, a sede do Instituto está aberto aos coletivos e organizações que queiram se somar na iniciativa colaborativa entre grupos político-culturais de mulheres da cidade. “É uma construção coletiva onde a gente vai estar, a partir de todos os olhares, cada coletivo vai trazer o seu trabalho, mas também vai estar se responsabilizando com o trabalho do outro, em momentos que vamos fazer ações coletivamente. A ideia é colocar um Centro Cultural Feminista mais abrangente, mais democrático e que a cidade possa estar presente, mulheres, homens e crianças. É um momento muito importante porque a gente precisa do artivismo feminista para contribuir na transformação do mundo que a gente quer, essa é a perspectiva desse novo formato do Centro Cultural Feminista do SOS Corpo, que hoje é com o SOS Corpo e com outros coletivos feministas da cidade que queiram se juntar nesse processo de transformação social”, explicou Analba.

SERVIÇO:

#Ocupa CCF: Artivismo para combater o fascismo!

Data: 06/10 (domingo)

Hora: 10h – 20h

Inscrições para as oficinas: *exclusivas para mulheres e afeminadas

Fanzine com Coletiva MULEsta – coletivomulesta@gmail.com

Lambe e Cura pelo Grafitti com PixeGirls – pixegirlsafrontosas@gmail.com

Local: SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia – Rua Real da Torre, 593, Madalena – Recife.

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