Amazônia, querem te acabar! As MULHERES não vão deixar

A Amazônia representa um terço das florestas tropicais do mundo, além de conter mais da metade da biodiversidade do planeta. O fogo gerado pelos incêndios criminosos, que ganharam atenção internacional recentemente, são parte do processo de abertura de terreno para pastagem de gado.

O número de queimadas na região triplicou em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019. Os números acompanham o desenvolvimento do agronegócio. A destruição da floresta acompanhou a evolução do rebanho bovino na Amazônia, que passou de 47 milhões de animais em 2000 para cerca de 85 milhões atualmente. O impacto desse modelo de desenvolvimento para a Amazônia é destruidor: sSe na década de 1970 apenas 1% da Amazônia estava desmatada, hoje o índice chega a 20%, segundo relatório da Procuradoria do Meio Ambiente do Ministério Público Federal.

Hoje, 5 de setembro, é Dia da Amazônia, e também Dia Internacional das Mulheres Indígenas.

As mulheres são defensoras desses territórios e da vida na Amazônia. e estão mobilizadas para resistir ao projeto de DESenvolvimento predatório da Amazônia e para construir modelos alternativos, que promovam o ENVOLVIMENTO das comunidades locais com o seu território e a proteção dos recursos naturais, que garantem a sua sobrevivência.

A demarcação dos territórios dos povos originários e a defesa deles de grileiros, do garimpo, do agronegócio, da mineração, da exploração madeireira, dos megaprojetos desenvolvimentistas é a principal luta das mulheres indígenas hoje. Para elas espírito, corpo e território são elementos inseparáveis. “O território é o chão que sustenta nosso corpo; e o corpo, o lugar que abriga nosso espírito e o espírito é o que traz os encantamentos e toda a força pra gente fazer as lutas”, explica Sônia Guajajara, em entrevista para a Articulação de Mulheres Brasileiras durante a I Marcha de Mulheres indíenas que ocupou as ruas de Brasília no dia 13 de agosto. Para os povos tradicionais, não há separação entre espírito, corpo e território, só conexões. “Toda a nossa cultura vem sustentada pela ancestralidade”, diz.

A campanha

Em defesa desses territórios, desses corpos e dessa ancestralidade, a Articulação de Mulheres Brasileiras e a Articulação Feminista Marcosur engajaram-se na construção da Campanha Internacional Nuestros Cuerpos, Nuestros Territorios, concebida durante o VII Fórum Social Panamazônico (FOSPA), realizado no Peru em 2017. Essa campanha é fruto da força mobilizadora das organizações de mulheres indígenas e amazônicas em aliança com organizações feministas para enfrentar a multiplicação das violências contra as defensoras dos territórios frente ao avanço das indústrias extrativistas.

A campanha foi apresentada no Brasil no Fórum por Inara Saterê Maué, ativista da Articulação de Mulheres Brasileiras e relembrou as parentas sobre a conexão intensa entre as mulheres e a terra: “O mundo amazônico é uma mulher!” E questionou os presentes: “Mas como é que a gente tá cuidando das mulheres? Toda vez que uma mulher sofre violência, a Terra tá sendo violentada também”, alertou a indígena. Ela encerrou a apresentação convocando todas a se olharem nos olhos, firmando o conpromisso de engajamento nas mobilizações pela vida das mulheres indígenas, seus corpos territórios e espíritos. No final, todos entoaram a música “A terra é meu corpo, a água é meu sangue, o ar é meu sopro, o fogo é meu espírito”, tocaram a terra e se molharam com a água preparada pela indígena para simbolizar a proteção de todos.

O vídeo

O vídeoclipe que abre a campanha é uma realização do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) e Geodésica Produções. Para conhecer mais sobre a produção, assista o vídeo documentário Encantadas – As mulheres e suas lutas na Amazônia, disponível no youtube.

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