“Entregar o sagrado numa dimensão humana é entender que é uma dimensão mutável. Será que nossos deuses podem mudar? Podem mudar”. Ao trazer suas reflexões sobre espiritualidade e materialidade, Ivone Gebara, filósofa e teóloga feminista coloca em cheque algumas construções cristalizadas em relação ao discurso religioso e o seu papel intrínseco com os processos de controle da sociedade, em especial das mulheres, pelas estruturas opressoras que se articulam com o capitalismo.
Segundo a teóloga, o controle da classe dominante por meio das instituições religiosas promovem doutrinas baseadas no medo, no punitivismo e que não são necessariamente voltados para a libertação, mas para criar uma dominação sobre as subjetividades e as diferentes formas de ser estar no mundo, que coloca a figura do macho, do masculino, como a representação do divino.
“Fazer uma teologia que tira do macho a representação do divino, macho velho barbudo, mas macho, tira do macho essa posse de habitar os corpos das mulheres. Por que as mulheres têm tantos problemas com a sexualidade, com aborto, com filho? Porque a imagem do divino que nos foi legada é uma imagem masculina e eu digo assim, os corpos femininos são habitados por um poder masculino que castiga, que exige. E se fosse diferente?”, questiona Ivone.
Assista abaixo a reflexão feita pela filósofa sobre o tema: