O asssassinato de militantes sociais retrata a face perigosa dos discursos de ódio no Estado Brasileiro


A Coordenação Executiva do PAD – Processo de Articulação e Diálogo recebeu com grande pesar a notícia nesta sexta-feira (22) do assassinato da Coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Dilma Ferreira Silva, do seu esposo Claudionor Costa da Silva e de um amigo do casal, Hilton Lopes. Dilma foi atingida pela barragem de Tucuruí no Pará, vivia e militava no assentamento Salvador Allende, na zona rural de Baião/PA.  

Dilma Ferreira da Silva tinha 45 anos e deixou uma filha adulta (Foto: MAB)

Este crime bárbaro é mais uma violência sofrida pelo movimento: “É mais um momento triste para a história dos atingidos por barragens que o dia de hoje celebravam o Dia Internacional da Água”, diz a nota publicada pelo movimento. “O MAB exige das autoridades a apuração rápida deste crime e medidas de segurança para os (as) atingidos (as) por barragens em todo o Brasil”.

Em nota, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal afirmou que logo após receber a denúncia, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES), solicitou providências ao governador do Pará Helder Barbalho, ao secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social Ualame Machado e para o Procurador-Geral de Justiça, Gilberto Martins. “Considerando as informações preliminares, podemos dizer que possivelmente os crimes são uma reação à luta dessas pessoas pelos direitos humanos”, afirma Helder Salomão.

A ex-presidente Dilma Rousseff também emitiu nota intitulada “O assassinato de uma militante pela vida”, onde enalteceu a militância da vítima e criticou o discurso de ódio do governo Bolsonaro (PSL).

“Dilma Silva teve uma vida de violações – mulher, negra, nordestina, migrante, ribeirinha – agravada pela violência da construção de uma grande barragem”, diz matéria do MAB. Em nota, o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas pra Direitos Humanos na América do Sul condena os assassinatos, urge as autoridades brasileiras a investigas de forma independente o caso de forma a levar a responsabilização dos criminosos. Ainda segundo a nota, “o Escritório relembra que o Estado brasileiro tem a responsabilidade de garantir a proteção integral das pessoas defensoras de direitos humanos no país para que possam cumprir com seu papel fundamental na sociedade, especialmente na defesa dos direitos das populações mais vulneráveis”.

Escritório para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) também divulgou um comunicado em que pede investigações sobre os assassinatos dos brasileiros Dilma Ferreira da Silva, de seu marido Claudionor Amaro Costa da Silva e de Hilton Lopes. Os três pertenciam ao Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) no Pará.

Nós do PAD nos indignamos com mais este crime bárbaro e todas as ações de ódio que têm assolado o país em um grande número de investidas contra lutadoras e lutadores sociais. Para além da rápida investigação do crime, é urgente que o Estado crie medidas de segurança que garanta a vida dos (as) militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens.

Ao nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!

Salvador, 23 de março de 2019

PAD – Processo de Articulação e Diálogo Internacional

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