Revolta e solidariedade por líder feminista executada no Rio

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A vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, Marielle Franco, relatora da intervenção militar, foi assassinada na noite da ontem, terça (14), morta a tiros dentro de um carro na região central do Rio de Janeiro, por volta das 21h30. Sua morte foi uma execução política.

Ela tinha 38 anos, se apresentava como “mulher, negra, lésbica, mãe e cria da favela da Maré” e havia denunciado diversos abusos dos policiais 41º Batalhão da Polícia Militar (BPM) na favela do Acari. Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) indicam que esse batalhão registrou por volta de 450 mortes nos últimos cinco anos. É o maior índice de letalidade do Estado do Rio de Janeiro durante o período.

Segundo as informações da polícia, bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. Quem matou a vereadora sabia o lugar exato que ela ocupava dentro do carro: banco traseiro à direita. A perícia encontrou nove cápsulas de tiros no local. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. O motorista foi atingido com três balas nas costas e a assessora parlamentar ficou ferida por estilhaços de vidro. Os criminosos fugiram sem levar nada.

Nossos corações estão sangrando. Estamos indignadas e transformaremos nosso luto em luta. Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro e faz parte das poucas mulheres que representam o movimento feminista num espaço de poder machista, misógino, e racista, como as Assembleias Legislativas brasileiras.

Marielle, sua luta, nossa luta pelas vidas negras seguirá ainda mais forte!

Todas às ruas!!

 

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Amanheceu.
Amanheceu a dor,
e esse céu de chumbo…
Não um chumbo qualquer,
Um chumbo azulado, em nuvens…

Lá se vai o negrume da noite,
Lá se vai o absconso do medo,
O escondido,
O absorto — em segredo –,
A dor do mendigo empalado,
Pois amanheceu.

Estudantes acordam preparam-se rumam,
Operários chacoalham nos trens, nos vagões nos vagões nos vagões…
Bêbados bebem outra talagada de dor sem sentir,
Estarão sem emprego?
Sem dinheiro?
Sem devir?

Ou serei somente eu?
Desenfreado, com o dia desnudando-se?
O dia-ocorrência que vem,
dos policiais que desfilam cortejos,
Em máscaras, rifles e carros sem chapa!

Qual deles foi que engatilhou
Qual foi que encaixou
O céu de chumbo em teu peito?
“Querias o céu na terra
Tens a dor de teus irmãos
É o que te dou.”

Te levando em mãos
Vão teus irmãos,
o corpo azul de Edson
E a terra a engolir.
o corpo negro de Marielle
E a terra a engolir

Quem teve coragem
de arrancar da Vida
Quem em vida, trazia
Esperança?
Coragem?
Não. Coragem é para fortes
para guerreiras e guerreiros.
Para os que morrem em luta
por ideais idéias ideários,
Em luta. Mostrando a cara.

Quem foi o verdugo
Que teve a torpeza a vileza a fraqueza de atirar?
Covarde covarde covardes!
Mostrem-se mostrem-se!
Mostrem-se, monstros!

No Calabouço, na Lapa, em Acari,
os sangues se encontram e se misturam
50 anos depois,
no chumbo dessa manhã.
Um clarão de luz no céu
Avermelha e diz
Que muito mais vem
Que muito mais virá
Que o dia mal começou sua pintura
E os tons serão outramente amargosos em fel e dor
Que mais virão pelo caminho

Candelária Acari Vila Kennedy
Cidade de Deus Cavalão
Providência Alemão…

São tantas Marielles negras
São tantos Édsons azuis
Hoje, sempre,
Reunidos em dor.
A reação virá.

Amanheceu.
Amanheceu a dor,
e esse céu de chumbo…
Não um chumbo qualquer…

(F. Campos – 15/03/18)

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