Fátima Oliveira, querida companheira dessa longa viagem que é a vida, você partiu silenciosamente. Coisa que não era comum ao seu modo de ser, tagarela e entusiasta do mundo, demonstrando com sua combatividade, com sua risada aberta e forte que estava presente, na militância por democracia, direitos e justiça social, no debate político, nos circuitos das amigas e no mundo ao redor. Sua presença era sempre marcante. Presente. Hoje, presença-ausência.
Fátima nos deixou um grande legado político, com sua forma aberta e franca de fazer política. Fátima argumentava sobre suas ideias. Concordar e discordar, defender suas ideias eram elementos fortes na sua prática política. Acreditava na força do diálogo. Pensava sobre os problemas das mulheres e das negras, sobremaneira, elaborava e tornava publica suas reflexões. Nos deixou também um grande acervo de ideias e análises pioneiras numa área de conhecimento fundamental: saúde das mulheres negras e o racismo. Fátima era uma estudiosa das causas nas quais acreditava e defendia. Sua produção intelectual vai muito além da saúde das mulheres, quando adentra pela literatura e pela poesia, que era a marca registrada da sua página na internet, uma de suas formas de comunicação.
Com toda essa energia e força, foi Secretária Executiva da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, da qual foi também uma das fundadoras. Uma das marcas da gestão de Fátima na Rede foi o fortalecimento do conhecimento e da visibilidade da situação da saúde das mulheres negras, sem, no entanto, deixar de lado outros temas importantes, como a saúde e os direitos das mulheres LGBT e as questões relativas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Fátima nos deixa em um momento dramático do país. Alguém como ela, que acreditava em uma práxis política democrática e transparente, que tinha coragem e determinação para expressar ideias, contestar e discordar, agora que partiu, nos deixa com um sentimento muito forte de perda e de vazio e ao mesmo tempo nos lega uma referência forte para nos inspirar e continuar na resistência democrática.
Fátima Oliveira, nossa companheira de luta, ficará para sempre em nossas memórias e na das pessoas que a conheciam e admiravam sua coragem e determinação.
Fátima Oliveira permanecerá entre nós!
Eleonora Meniccuci – Co-fundadora da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, integrante do seu primeiro Conselho Diretor. Ex-Ministra da Secretária de Política para as Mulheres, no Governo da Presidenta Dilma Rousseff
Maria Betânia Ávila – Co-fundadora da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, e sua Primeira Secretária Executiva.
Maria José Araújo – Co-fundadora da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, e sua Segunda Secretária Executiva.