Jornada de Debates Feministas começa semana que vem

Ainda hoje o direito e a autonomia das mulheres é questionada. A proibição do aborto e sua criminalização em diversos lugares da América Latina é prova de como as mulheres ainda não tem reconhecido autonomia moral para decidir sobre o próprio corpo e prova também de que existe um menosprezo pelo corpo e pela vida das mulheres que, de acordo com as legislações cristãs e fundamentalistas, ainda subjugam as mulheres destituindo-as de sua condição de cidadania. Por que às mulheres é proibido decidir sobre a continuidade ou não de uma gravidez?

A cultura que estimula essa ideologia é a mesma que defende que as mulheres são proibidas de fazer inúmeras outras coisas além de abortar: elas não devem usar shorts curtos, não podem fazer política, não devem priorizar suas carreiras e vidas pessoais em detrimento de uma gravidez, não podem deixar de lavar os pratos, as roupas e antes de abrir a boca, é importante que a casa esteja em limpa em ordem e os filhos muito bem educados. Às mulheres negras a carga é ainda pior, porque a violência não é apenas subjetiva, o sistema que proíbe as mulheres de terem direitos está exterminando a população negra.
Para posicionar-se com rebeldia em relação à exploração capitalista e patriarcal à qual estamos submetidas, na década de 70 as mulheres começaram a produzir conhecimento a partir das perspectivas de gênero e do feminismo. Isso iniciou movimento em diferentes campos de ação e resultou em diversas lutas sociais que pautam atores e atrizes da mudança social que estão fazendo política para garantir algum reconhecimento social às mulheres. Articular a produção de conhecimento e a luta política, social e econômica é uma estratégia para a transformação social, visto que há bastante diferença de ideias entre os conceitos formulados a respeito das origens das opressões e as formas de enfrentamento a elas.
Com o intuito de olhar para as conexões e controvérsias entre algumas das principais linhas teóricas do feminismo e promover produção acadêmica tanto quanto ativismo feminista possibilitando espaços de intercâmbio de experiências e diálogo, acontecerá de 12 a 14 de julho na Faculdade de Ciências Sociais de Montevidéu a IV Jornada de Debates sobre os feminismos latino-americanos.

 

programação
A Jornada começa com mesa sobre Ecofeminismo com a participação da  antropóloga, educadora social, engenheira técnica, a espanhola Yayo Herrero, no dia 12. A brasileira Betânia Ávila, pesquisadora do SOS Corpo, a socióloga argentina  Karina Bidaseca, e jornalista também argentina Claudia Korol integram a mesa do dia 13, cuja proposta é entrelaçar as ideias do feminismo materialista, pós-colonial e o feminismo popular Abya Yala. Para o encerramento está prevista uma conversa com Susana Mangana, María Eugenia Cattaneo, Carolina Bracco discutindo as lutas das mulheres e o feminismo islâmico. Todas as mesas centrais serão transmitidas ao vivo pelo canal do youtube da organização feminista uruguaia Cotidiano Mujer.

Evento: http://bit.ly/2tFPgxa
Programação completa: http://bit.ly/2szUon9
Transmissão ao vivo: https://www.youtube.com/user/CotidianoMujerUy

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Next Post

“Enquanto alguns protestam a caravana passa”

qui jul 13 , 2017
Por Ivone Gebara* A imagem usada pelo ‘presidente’ Temer para celebrar a aprovação pelo Senado da Reforma Trabalhista ontem foi […]