Carta-convite da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político para encontro nos próximos dias 17 a 19 de abril, em Brasília, avalia o contexto e traça perspectiva para esta luta.
2017 será o ano do aprofundamento da crise política, econômica e social. O golpe parlamentar, midiático e judiciário que resultou no impeachment da Presidenta Dilma Rousseff escancarou as comportas para a regressão de direitos e a ampliação da onda conservadora e de violência em todo o país.
Essa onda faz parte de uma conjuntura global de crescimento dos grupos ultraconservadores, de acirramento das desigualdades, evidenciada por fenômenos transnacionais de opressão, como o encarceramento da população negra, o aprofundamento da violência contra as mulheres, juventudes e população LGBTI, o fortalecimento dos paraísos fiscais, a precarização do trabalho, e a privatização dos serviços de comunicação e da internet.
No Brasil, os movimentos sociais e todo o campo de esquerda tem oferecido resistência através de amplas manifestações, ocupações de prédios públicos e escolas, ações culturais e do midiativismo. Mas tudo isso tem tido pouco impacto na alteração da correlação de forças e, consequentemente, quase nenhum resultado no sentido de barrar os retrocessos em curso.
Em 2013, com o ciclo de protestos iniciado em junho, a agenda da Reforma do Sistema Político ganhou força na sociedade brasileira, como caminho para enfrentar a crise de representação dos partidos e as graves limitações do nosso sistema político.
Esta é uma das reformas estruturantes no conjunto das reformas necessárias e urgentes ao país – como a tributária, no sistema de Justiça e nas comunicações. Mas esta também é, como as demais, uma agenda em disputa, onde grupos conservadores querem impor sua visão sobre o tema.
Uma Reforma do Sistema Político que efetivamente amplie a democracia no Brasil só será possível a partir de uma ampla mobilização social, que escancare os conflitos existentes na organização racista, patriarcal e capitalista do nosso país, e que dispute os rumos do Estado e da sociedade, construídos nestas mesmas bases. Urge refletirmos e dialogarmos sobre esta questão diante da reconfiguração da esquerda no Brasil, incluindo neste debate a onda de manifestações (mesmo as conservadoras), novas experiências organizativas e agendas alternativas de luta que tem se apresentado desde 2013.
Convidamos, assim, todos os movimentos sociais, coletivos, grupos, organizações e ativistas do campo de esquerda e democrático da sociedade brasileira para se juntarem ao desafio de reflexão e ação em torno dos rumos da construção de uma reforma radical do sistema político, visando uma democracia com justiça social e econômica no Brasil.
O Encontro
“A Democracia que queremos” pretende ser um espaço para contribuir, junto com outros, na retomada das utopias. Um momento para repensar as exigências que a questão democrática coloca para os movimentos sociais e para todo o campo político no qual se inserem.
Convidamos vocês então a se somar na construção deste processo e partilhar conosco questões sobre:
Como a democracia está em permanente ameaça pelo poder econômico?
Como rearticular atores e atrizes em torno da agenda da Reforma do Sistema Político? Com que pautas e conteúdos? Com que estratégias?
Como impulsionar esse debate democrático junto a coletivos atuantes nas novas movimentações nas ruas e nas redes sociais?
Como articular melhor as dimensões de classe, gênero, étnico/racial, LGBTI e a questão da laicidade do Estado no debate sobre a Reforma do Sistema Político?
Contamos com a participação de todos e todas!
Atenciosamente,
Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.
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Imagem: reprodução do sítio da Plataforma