8 de Março – Pernambuco – “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós!”

As mobilizações para o 8 de março em Pernambuco não se restringem à capital. A movimentação das mulheres em Pernambuco vai do sertão ao cais!
Conheça a convocação para a Greve Internacional de Mulheres no Brasil – 8 de março
  • Texto traduzido e adaptado à realidade brasileira a partir da convocatória feita pelo movimento argentino #NiUnaMenos  e publicado na fanpage da Parada Brasileira de Mulheres em 23 de fevereiro deste ano.
Neste 08 de março, a terra treme. As mulheres do mundo nos unimos e organizamos uma medida de força e um grito comum: Greve Internacional de Mulheres. Nós paramos. Fazemos greve, nos organizamos e nos encontramos entre nós. Colocamos em prática o mundo no qual queremos viver.
Paramos para denunciar:
  • Que o capital explora nossas economias informais, precárias e intermitentes.
  • Que os Estados nacionais e o mercado nos exploram quando nos endividam.
  • Que os Estados criminalizam nossos movimentos migratórios.
  • Que recebemos menos que os homens e que a diferença salarial chega, em média, a 26% na América Latina.
  • Que não é reconhecido que as tarefas domésticas e de cuidado são trabalhos não remunerados e adicionam três horas a nossas jornadas laborais.
  • Que estas violências econômicas aumentam nossa vulnerabilidade diante da violência machista, cujo extremo mais brutal são os feminicídios.
Paramos para reivindicar o direito ao aborto livre e para que não se obrigue nenhuma menina a enfrentar a maternidade.
Paramos para visibilizar o fato de que, enquanto tarefas de cuidado não sejam uma responsabilidade de toda a sociedade, nos vemos obrigadas a reproduzir a exploração classista e colonial entre mulheres. Para ir ao trabalho, dependemos de outras mulheres. Para migrar, dependemos de outras mulheres.
Paramos para valorizar o trabalho invisível que fazemos, que constrói redes de apoio e estratégias vitais em contextos difíceis e de crise.
Paramos porque estão ausentes as vítimas de feminicídio, vozes apagadas violentamente ao ritmo assustador de treze (13) por dia só no Brasil. Estão ausentes lésbicas e travestis assassinadas por crimes de ódio. Estão ausentes as presas políticas, as perseguidas e as assassinadas em nosso território latino-americano para defender a terra e seus recursos. Estão ausentes as mulheres presas devido a delitos menores que criminalizam as formas de sobrevivência, enquanto os crimes corporativos e o tráfico de drogas permanecem impunes porque beneficiam o capital. Estão ausentes as mortas e as presas por abortos inseguros.
Diante de lares que se tornam um verdadeiro inferno, nós nos organizamos para nos defendermos e cuidarmos umas das outras.
Diante do crime machista e da pedagogia da crueldade, diante da tentativa dos meios de comunicação de nos vitimizar e de nos aterrorizar, fazemos do luto individual um consolo coletivo e da raiva, uma luta compartilhada. Contra a crueldade, mais feminismo.
Nós usamos a estratégia da greve porque nossas demandas são urgentes. Fazemos da greve de mulheres uma medida ampla e atualizada, capaz de abrigar a empregadas e desempregados, a assalariadas e as que cobram subsídios, a autônomas e estudantes, porque todas somos trabalhadoras. Nós paramos.
Nós nos organizamos contra o confinamento doméstico, contra a maternidade compulsória e contra a competição entre as mulheres, práticas impulsionadas pelo mercado e pelo modelo de família patriarcal.
Nós nos organizamos em todas as parte: nas casas, nas ruas, no trabalho, nas escolas, nas feiras, nos bairros. A força do nosso movimento está nos laços que criamos entre nós.
Nós nos organizamos para mudar tudo isso.
Nós tecemos um novo internacionalismo. A partir das situações concretas em que estamos, nós interpretamos a conjuntura.
Vemos que, diante do avanço neo-conservador na região e no mundo, o movimento das mulheres emerge como potência de alternativa.
Que a nova “caça às bruxas”, que agora persegue o que nomeia como “ideologia de gênero”, tenta justamente combater e neutralizar nossa força e quebrar nossa vontade.
Diante das múltiplas desapropriações, das expropriações e das guerras contemporâneas que têm a terra e os corpos das mulheres como territórios favoritos de conquista, nós nos incorporamos política e espiritualmente.
Porque #VivasELivresNosQueremos, nos arriscamos em alianças incomuns.
Porque nos apropriamos do tempo e construímos juntas a disponibilidade. Fazemos da nossa reunião um alívio e uma conversa entre aliadas; das assembleias, manifestações; das manifestações, uma festa; e da festa, um futuro em comum.
Porque #EstamosJuntas, este 8 de março é o primeiro dia de nossa nova vida.
Porque #ODesejoNosMove, 2017 é o momento da nossa revolução.

Na Região Metropolitana do Recife, a paralisação do dia 8 de março está assim:

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Entre os municípios localizados no Sertão do Pajeú, na cidade de Afogados da Ingazeira as mulheres vão parar.

Veja a programação:

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Na região do Agreste pernambucano, acontece uma intensa articulação e preparação da Parada Nacional de Mulheres no 8 de Março. O movimento de mulheres convida todas as mulheres para somarem na luta contra a reforma da previdência (PEC 287) e pelo fim da violência contra a mulher. O interior de Pernambuco enfrenta uma longa estiagem e que os períodos de seca são cada vez mais regulares e constantes, o que dificulta ainda mais a sobrevivência das mulheres no campo. A PEC 287 coloca todas as trabalhadoras e os trabalhadores no mesmo contexto, sem observar as necessidades básicas de cada região e realidades nas quais as mulheres estão inseridas.

elisa anibal_fmpeagreste_plenária nacional da AMB_Recife_2016Para a militante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Elisa Aníbal, a reforma da previdência vai estimular o êxodo rural, impactando assim de forma negativa na produção alimentar e na economia local, precarizando ainda mais os recursos das trabalhadoras rurais. Ela recorda Simone de Beauvoir: “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.”

A violência é outro aspecto alarmante para o interior do Estado de Pernambuco. As redes de proteção têm sido desmontadas e em diversos municípios não existe Delegacia Especializada da Mulher. Um processo de interiorização destes mecanismos é necessário e urgente.

Confira a programação nos municípios da região Agreste mobilizados pelo movimento de mulheres:

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Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós!
#EuParo #8MBR #ParadaBrasileiraDeMulheres #NemUmaAMenos

FontesFanpage da Parada Brasileira de Mulheres
Sertão de Pernambuco: http://bit.ly/2ltHPqe
Agreste de Pernambuco: http://bit.ly/2mt492Y

Foto: Reprodução facebook de Elisa Aníbal [Plenária Nacional da Articulação de Mulheres Brasileiras, Recife, setembro de 2016]

 

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