Debate feminista em Montevidéu

Por Maria Betânia Ávila

betaniaDurante os dias 4, 5 e 6 de julho participei em Montevidéu das Jornadas de Debate Feminista, organizadas pela organização feminista Cotidiano Mujer e pelo Programa Género y Cultura de FLACSO Uruguai,  e realizadas na Faculdade de Ciências Sociais de Montevidéu, Uruguai.  As atividades se estenderam para outras cidades do país, como Maldonado e Salto, na sequência dessa primeira etapa, nas quais foi mantida a mesma programação.

Segundo está descrito na programação, “las Jornadas de Debate Feminista tienen como objetivo articular y promover la producción académica y la generada desde el activismo feminista y crear espacios de intercambio de experiencias y diálogo entre ambas esferas”. O debate definido com principal para esta terceira edição das Jornadas foi “Feminismo e Diversidades”, tendo como eixos temáticos as seguintes questões: “Corpos Políticos – Políticas do Corpo”, “Cuidados e Sustentabilidade da Vida” e “Perspectivas Feminista da Justiça”.

Uma intensa, criativa e consistente jornada de trabalho se iniciava pela manhã, com painéis, e seguia a tarde com grupos de trabalho. Ao final do dia, ocorriam apresentações de peças teatrais, todas de autoria feminista. Os três painéis das manhãs foram “Feminismos e Diversidades – Pós-colonialismo”, “Feminismos e Diversidades – Racismo” e “Feminismo e Diversidade – Dissidência Sexual”. Os grupos de trabalho tiveram diferentes temáticas dentro dos eixos centrais das Jornadas. Como parte dessa programação tivemos ainda uma interessante conferência sobre “Língua  e Sexismo – A linguagem como território de poder”, proferida por Teresa Meana, filóloga e feminista espanhola.

De minha parte, fui palestrante no primeiro painel que inaugurou os trabalhos das Jornadas. Uma grande participação sobretudo de estudantes e militantes feministas, mas também de gestores e gestoras públicas fizeram desses três dias de debates um momento especial de trocas e reflexões teóricas, políticas e de experiências as mais plurais. A maioria dos participantes era do próprio país, mas havia também pessoas da Argentina, Brasil, Colômbia e Espanha e talvez de outros que não pude identificar.

Posso dizer que os debates nos abasteceram de muitas reflexões teóricas e questões políticas que nos desafiam a pensar o feminismo como pensamento crítico e como prática política, na sua pluralidade e nas suas necessidades de confluência. No movimento feminista como devir, sempre no enfrentamento das contradições e por isso sempre transformando o mundo e se transformando. Foi uma experiência maravilhosa, que nos provoca inclusive a organizar algo semelhante por aqui. Para isso, evidentemente, será fundamental compartilhar este desafio com as companheiras feministas uruguaias, responsáveis pela organização desse processo de diálogo denso, criativo e generoso.

 

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