As histórias e reflexões de grupos populares feministas da periferia do Grande Recife, narradas pelas mulheres diretamente envolvidas nessa batalha, estão resumidas no livro Cirandas Feministas, que o SOS Corpo lança neste dia 16 de junho, às 18h30, em sua sede na Madalena. A publicação é o produto final de um trabalho de fortalecimento desses grupos e organização de outros ainda incipientes, iniciado em 2013 pelo instituto. Esse processo de educação popular feminista culminou com o registro emocionado do que a experiência representou para os sujeitos envolvidos.
“Queríamos ter uma rede de organização de mulheres fortalecida, com capacidade de luta por direitos sociais, ação comunitária, comunicação e que realizasse a necessária pressão popular sobre o poder público”, comenta a educadora Carmen Silva, na introdução do livro, explicando o objetivo do trabalho.
As educadoras do SOS e as militantes feministas dos grupos populares elaboraram juntas a publicação, depois da realização de oficinas de sistematização e de escrita que possibilitaram às mulheres escrever, de próprio punho, sobre suas experiências.
As diversas histórias que contam mostram os dramas vividos na periferia destas cidades. Expõem as entranhas da violência, as dificuldades de acesso a serviços básicos, como creches, e a contribuição que o feminismo trouxe às suas vidas e às lutas nas comunidades.
Uma das mulheres que entrou na “ciranda” foi Maria José dos Santos, do grupo Liberdade Vamos Simbora, de Jardim Monte Verde, Ibura, comunidade localizada em área de litígio dos municípios de Recife e Jaboatão. “Em me senti poderosa por poder contar a história do grupo, da nossa luta por saúde na comunidade”, diz Maria José.
Para ela, o trabalho de fortalecimento de grupos feministas, feito pelo SOS Corpo, foi importante porque muitas mulheres ainda não têm consciência dos próprios direitos, não conseguem se enxergar como protagonistas da própria história. “Mas acredito que as coisas estão melhorando. Fizemos um seminário aqui (na comunidade) e mais de 70 pessoas compareceram”, disse, confessando estar ansiosa para o lançamento do livro.
Há 15 anos no SOS Corpo, Áurea Araújo também compartilha dessa ansiedade de se enxergar como autora. “Escrever a história da Vila 27 de Abril, onde moro, foi um passo importante para mim”, comentou. “Quando cheguei no instituto, há 14 anos, nem sequer conseguia falar nas reuniões.”
Para Áurea, que relatou as dificuldades de acesso dos moradores da comunidade a serviços essenciais, como esgotamento sanitário, Cirandas Feministas foi uma experiência gratificante. “Daqui a algum tempo, quando eu me aposentar, terei uma boa lembrança sempre que abrir esse livro.”
Serviço:
Lançamento do livro Cirandas feministas – experiências que se entrelaçam
Data: 16/06/16, às 18h30
Local: centro cultural feminista do SOS Corpo, Rua Real da Torre, 593 – Madalena, por trás do mercado público.
Fone: (81) 3087.2086 | sos@soscorpo.org.br