Por Mércia Alves*
É Pela Vida das Mulheres! Este foi o mote da nossa ida para ocupar as ruas e praças da cidade do Recife. Em meio à história da cidade e no dia de luta das mulheres, neste 8 de março, “ruas, rios e pontes” foram o palco das denúncias e reivindicações das mulheres de diferentes gerações, sendo a maioria formada por mulheres negras.
Cerca de 7 mil mulheres ocuparam as ruas da cidade e com diferentes cantos, cartazes, faixas e “palavras de desordem” gritaram com várias insígnias feministas pelo fim da violência, por uma política de atenção integral da saúde da mulher e contra a precarização do trabalho na vida de nós, mulheres.
Da concentração, no Parque 13 de Maio, ao final, na chegada à Praça do Derby, a caminhada das mulheres deixou sua marca. Recife tornou-se feminista! Todas as mulheres estavam envolvidas por um sentido de luta feminista no qual a liberdade, autonomia e autodeterminação sobre nossos corpos e nossas vidas foi a fonte inspiradora para nos posicionarmos frente a um contexto político de regressão de direitos, e de uma ofensiva da bancada fundamentalista que nos coloca como objetos e invisíveis na História.
Dissemos não a tudo isso. A uma cultura machista que perpassa gerações e que nos afeta pela condição de sermos mulheres. Sim, mulheres em nossa diversidade e singularidades, mas que na realização do ato unificado demos um sentido comum à nossa luta feminista, que é a luta contra o capitalismo, o racismo e o patriarcado, e pela nossa afirmação como sujeito político, em constante movimento organizativo na luta por direitos e por um novo horizonte de sociedade com igualdade de gênero, de todos os gêneros.
Foi bonito se ver o colorido da estética feminista na rua, numa caminhada “horizontal” e cada qual expressando seu sentido político neste dia de luta das mulheres, lembrando que muito do que nos impulsiona a estar ocupando a vida pública tem profunda relação com a luta de outras mulheres que nos antecederam – Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Dandara, Simone de Beauvoir, Heleieith Saffioti – e tantas outras que ainda estão presentes na construção atual de um feminismo que caminha para a transformação do mundo e em nossas vidas!