8 de Março: dia de luta pela transformação da vida das mulheres.
8 de março é dia de luta.
Dia de lutar pela transformação das relações sociais e pela superação das desigualdades.
Façamos deste 8 de Março um dia de revelar as muitas faces da injustiça, da opressão, da exploração sobre as mulheres.
Estamos cientes de que para nós, a conjuntura é perversa, os desafios são muitos, e os inimigos antigos e fortes. Embora pareçam novos, não o são: religiosos fundamentalistas e hipócritas, reacionários moralistas de plantão, direita fascista, mídia golpista, políticos inescrupulosos, homens apegados a privilégios e à violência, instituições machistas e racistas: quem nunca os viu? Seus métodos e discursos são os mesmos desde sempre. Mas, nós mulheres, não somos dadas à paralisia. A pressão contra nossos direitos e nossas vidas é também reflexo de nossa força, inteligência e capacidade de mudar o mundo e a nós mesmas.
Eles nos temem, pois na nossa história fomos capazes de desarrumar confortáveis lugares de dominação. Incomodamos as estruturas de opressão e continuamos a abrir caminhos para novos tempos! Se, em tempos de globalização midiática, eles se refinaram em sua mesmice, nós nos transformamos: hoje somos muitas mais e nos encontramos em muitas identidades. Estamos mais articuladas e organizadas em distintas identidades políticas. Sabemos muito mais umas sobre as outras e construímos mais solidariedade nas lutas! Somos de todas as cores, de todo tipo de cabelo, de diferentes etnias e povos, negras, indígenas, brancas, camponesas, pescadoras, ribeirinhas, lutadoras por justiça ambiental, lésbicas, sindicalistas, partidárias e não partidárias, prostitutas organizadas, trabalhadoras domésticas, defensoras de direitos humanos, donas de casa conscientes de seus direitos, trabalhadoras urbanas, moradoras de rua em movimento, catadoras de recicláveis, crianças, jovens e adolescentes.
Feministas! Somos mulheres diversas, cis e trans, da igreja e do terreiro, da casa e do mundo, anarquistas, socialistas, comunistas, ambientalistas ou simplesmente lutadoras contra as injustiças! Somos, ainda, muitas outras, e estamos por todo canto, e nos expressamos das mais diversas formas e ninguém mais nos segura! Não estamos dispostas a aceitar ou ser coniventes com nenhuma prática que nos submeta. Nossa radicalidade é nossa força movedora.
Façamos deste 8 de Março um dia de articular pautas, de falar aos jornais, de gritar nas praças e ruas, de se encontrar com as lutas feministas e todas as formas de insurgências!
Feministas contra o machismo!
Pelo fim do estupro e todas as formas de violência contra as mulheres!
Contra os fundamentalistas e seu ódio à liberdade! Pela laicidade do Estado!
Pelo direito à maternidade e ao aborto seguros!
Pelo direito à saúde, à moradia, às artes e ao lazer!
Pelos direitos das Trans, Lésbicas e Bissexuais!
Pela liberdade e autonomia das mulheres!
Feministas contra o capital!
Contra a sociedade de mercado, que faz das pessoas e da natureza apenas mercadorias!
Contra o modelo de desenvolvimento capitalista, que ameaça a vida e a liberdade no Planeta!
Contra a segregação das cidades pelo mercado imobiliário, racista e elitista, toda a cidade é para ser de toda a gente!
Pelo direito à terra, às águas, aos rios, e por uma economia dos povos verdadeiramente sustentável e solidária, a Terra é de toda a gente!
Contra a mídia fascista, racista e lacaia do capital!
Feministas contra o racismo!
Contra o extermínio e encarceramento da juventude e das mulheres negras;
Contra as políticas de insegurança pública, que são baseadas na repressão e criminalização da pobreza. Chega de autos de resistência e da revista vexatória!
Contra o racismo, que oprime, adoece e mata a população negra!
Feministas contra o ajuste neoliberal!
Contra os retrocessos nas políticas sociais, o desmonte do SUS, a terceirização das políticas sociais e contra o ajuste fiscal recessivo que ameaça nossos direitos!
Pela taxação da riqueza, da herança e dos lucros, por politicas redistributivas!
Redução dos superavit já! Mais investimentos nos serviços de saúde e educação públicos!
Contra a privatização da riqueza do Pré-sal!
Pelo Estado de direito!
Contra o Estado policial e repressor, pela desmilitarização da polícia;
Contra a criminalização dos movimentos sociais, assassinatos e perseguições às militantes;
Pelos direitos dos povos indígenas, quilombolas e das comunidades tradicionais;
Pelo direito a uma educação libertadora;
Por políticas públicas justas e equitativas e em defesa da democracia democratizada!
Agradecemos as flores e homenagens, e até as ‘femenagens’, mas 8 de março é dia de luta!
Articulação de Mulheres Brasileiras, 8 de Março de 2016.
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Leia também a Nota pública do Fórum de Mulheres de Pernambuco: