[Exposição] A rádio que Paulo Freire sonhou

Abertura: 25 de setembro 2023, às 11h
Hall do CAC – UFPE, Cidade Universitária, Recife-PE
Entrada livre
Período: 25 de setembro a 31 de outubro de 2023.

A exposição “A Rádio que Paulo Freire sonhou”, que será aberta no hall do CAC, no próximo dia 25 de de setembro, às 11 horas, é parte das comemorações dos 60 anos da emissora. Apresenta momentos marcantes da Rádio Paulo Freire, desde a sua fundação, passando pelo Golpe de 1964 até o ano de 2018 em que foi transformada em rádio-escola com o nome do seu fundador. Em 16 painéis, o visitante terá a oportunidade de conhecer o contexto histórico e acadêmico da inauguração, o embate nos jornais da época em torno do projeto paulofreireano de comunicação, a grade de programação bem como a modificação por força do Golpe de 64 e a refundação como rádio-escola, em cogestão do DCOM como o NTVRU.  A exposição é o resultado de uma extensa pesquisa documental em arquivos públicos e digitais nos quais foram localizados fotos, documentos e mais de 300 notícias de jornais, entre 1958 e 1965. Mais que a história de uma rádio, o que a exposição conta é também a história do País.

A Rádio foi fundada em 29 de setembro de 1963, como Rádio Universidade, criada pelo pedagogo Paulo Freire, como parte do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da Universidade do Recife, atual UFPE. Foi no SEC que Paulo Freire consolidou o que ficaria depois internacionalmente conhecido como o seu “método” de alfabetização de adultos. Em sintonia com a proposta educacional de Paulo Freire, a antiga Rádio Universidade era um importante braço da promoção da cultura, dos saberes populares e da campanha de alfabetização de adultos pautada pela leitura crítica da realidade.

A história da Rádio Universidade é indissociável, de um lado, do importante projeto de educação popular, idealizado por Paulo Freire e, de outro, da efervescência cultural e intelectual do Recife no final dos anos 50 e início dos anos 60. Isso porque em torno de si e do SEC, Paulo Freire conseguiu agregar uma geração de jovens intelectuais progressistas, que se destacariam depois como literatos, designers, críticos e professores, entre eles, João Alexandre Barbosa, Sebastião Uchoa Leite, Jomard Muniz de Britto, Luiz Costa Lima e Marcius Cortez. Merece destaque o primeiro diretor da Rádio Universidade, José Laurenio de Melo, que foi um dos fundadores do notório Teatro de Estudantes de Pernambuco, ao lado de Hermilo Borba Filho, e do famoso O Gráfico Amador, junto com Aloísio Magalhães.

Não espanta que tudo isso tenha sido mesmo considerado “perigosamente subversivo” quando, no Brasil, já se começava a sentir o cheiro de Golpe no ar. No momento atual em que esses mesmos gritos e ameaças voltam a nos assombrar é mais do que hora de aprender com a experiência de uma emissora cujo slogan era “uma rádio a serviço da democratização da cultura”. Quando veio o Golpe de 64, o SEC, e com ele a sua rádio, foi considerado subversivo e acabou sendo extinto. A Rádio Universidade não chegou a ser fechada, mas assumiu outra feição, tutelada pelos militares, e, para que não houvesse sequer resquícios do período em que esteve sob influência de Paulo Freire, sua história foi deliberadamente apagada e sua proposta original silenciada.

Celebrar os 60 anos desta história é também uma ocasião para, a partir dos aprendizados com o passado, sonharmos o futuro da Rádio Paulo Freire. Este sonho envolve seu processo de migração para a Frequência Modulada (FM), em tramitação junto ao Ministério das Comunicações, e uma sede no Centro de Artes e Comunicação (CAC), onde poderá explorar com ainda mais potência o que foi o seu primeiro slogan: “uma rádio a serviço da democratização da cultura”.

A exposição é uma realização da equipe da Rádio Paulo Freire em parceria com a Diretoria de Comunicação (Supercom), com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e Cátedra Paulo Freire, além da ajuda da Biblioteca Central e Memorial Denis Bernardes.

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