#EspecialMargaridas: Mulheres, águas e energia não são mercadoria!

Tribunal das Mulheres denunciou os impactos do modelo extrativista de desenvolvimento capitalista, predatório, destruidor da natureza e da vida na vida das mulheres.

Depoimentos aconteceram na presença das juradas. Foto: Fran Ribeiro/SOS Corpo

O Tribunal das Mulheres é um espaço de denúncias de graves violações aos territórios e corpos das mulheres do campo, das florestas e das águas, a partir das diversas situações vivenciadas com a expansão do agro-hidro-negócio, das mineradoras e dos empreendimentos energéticos e as consequências para nossas vidas! 

O espaço, que aconteceu na tarde da terça-feira, 15 de agosto, no Pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, foi organizado pelas mulheres da Contag, AMB, MIQCB, MMM, MAB, GT Mulheres da ANA, Polo da Borborema e da MAMA e denunciou os impactos desse modelo de desenvolvimento capitalista, predatório, destruidor da natureza e da vida.  

As mulheres denunciaram esse modelo nefasto para a vida humana que contamina o solo, a diversidade, os biomas e nossos corpos! Testemunharam sobre como a água para beber e para cozinhar estão contaminadas, o aumento das doenças respiratórias e das casas rachadas, as vidas afetadas pelos preços abusivos na conta de luz, água e gás! 

Destacaram a violência ao terem que sair de suas casas e territórios para dar lugar às barragens e grandes empreendimentos que só visam lucro e condenam famílias ao empobrecimento.Comprovaram o impacto das eólicas, das mineradoras, das barragens. As mulheres lembraram dos crimes de Mariana e Brumadinho! Denunciaram as brutais operações policiais que tornam fuzis parte do cotidiano e as mortes diárias pelas mãos da polícia e da milícia.

Conclamaram que nós mulheres queremos produzir vida, produzir bem-viver. Nós, mulheres, somos resistência pelos nossos corpos, nossas vidas, nossas comunidades! 

Em defesa dos territórios e da natureza, queremos justiça!

As juradas Deborah Duprat, Maria Emília Pacheco, Tchenna Maso e Célia Xakriabá deram o veredicto: condenam o Estado Brasileiro que é culpado por não desenvolver projetos de desenvolvimento econômico com participação social e que sejam aptos a enfrentar desigualdades e injustiças históricas.

Destacaram a obrigação em qualquer empreendimento de realizar consulta prévia livre e informada aos povos e territórios impactados e que não valem consultas que a empresa ou governo provoquem divisões na comunidade.

Consideram o Estado brasileiro culpado por uma falsa política de segurança pública racista, privatizada, que impedem crianças e jovens de estudarem, crescerem, terem lazer e sobreviverem!

Repudiaram o projeto de lei 6299/2002- PL do veneno e defenderam uma política nacional de redução de agrotóxicos, que produzem efeitos nos corpos, nas águas, nos territórios, nos distanciam da construção da soberania alimentar e negam o direito humano à alimentação e a vida. Tais crimes de desgaste ambiental e de seus povos precisa ser reconhecida como crime de ecocídio. 

Rosalva Silva Gomes, Quebradeira de Coco-Babaçu e Analba Brazão, educadora do SOS Corpo que mediou o Tribunal. Foto: Fran Ribeiro

O Estado favorece empresas em detrimento de direitos culturais, territoriais, das comunidades, flexibiliza direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais e nos silencia mesmo em espaços importantes de poder! O Estado Brasileiro é culpado! 

Texto de Emilly Marques do FOMES/AMB e fotos de Fran Ribeiro SOS Corpo e FMPE, para a Cobertura Colaborativa de Comunicação Popular da AMB na Marcha das Margaridas 2023.

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