Na América Latina ferve um caldeirão de variadas culturas, onde a pluralidade de sujeitos e modos de vida, que lhes dão gosto e tecitura, convivem e são “cancelados” pelo colonialismo assim como resistem às intempéries dos processos históricos.
Manter viva esta diversidade, num território tão devastado pela ação colonial extrativista do capital racista patriarcal, exige um profundo exercício de interação entre as populações subalternizadas
e violadas historicamente. É sobre nossos territórios, corpos e espíritos que recaem os impactos negativos das tantas crises do sistema-mundo moderno-colonial. Para “não morrer” tem sido necessário construir alianças entre uma pluralidade de sujeitos políticos que transcendem as fronteiras dos Estados-nações, resgatar memórias ancestrais e experimentar práticas marginalizadas.
Os conflitos são constitutivos da produção dos novos rumos, por isso nos dispor à criticidade, pondo em questão os modos patriarcais, racistas e capitalistas de organizar a vida em comum, não apenas as engrenagens institucionais ou as lógicas políticas, mas as relações sociais, econômicas e culturais, implica (re)conhecimentos, estranhamentos, confiança, apreensão sem dominação, disposição de lutas comuns,
superação do lugar de “outra”.
Abrimos caminhos para que seja possível compartilhar em iguais condições de usufruto, trabalho e cuidado, a mesma casa comum.
Abre Caminhos
Ventos que sopram dos Diálogos Interculturais Feministas na América Latina
Edição Bilíngue (português e espanhol) e com Audiodescrição
Organização: Rivane Arantes
Edições SOS CORPO
Nesta publicação compartilhamos o esforço de encontro entre uma pluralidade de mulheres feministas de diferentes territórios, modos de vida e lutas políticas. Estes diálogos interculturais foram povoados por mulheres indígenas, negras, quilombolas, lgbtqia+, do campo, águas, florestas e cidades, os três primeiros exclusivamente entre brasileiras e em nosso território, presencial e online, e o último também de forma virtual, no contexto da pandemia, com companheiras de vários países da América Latina.
A intenção é propiciar um refletir juntas sobre os desafios e agendas comuns; os paradigmas que articulam práticas políticas, econômicas, culturais e relações sociais; e os caminhos da transformação, desde uma perspectiva feminista antissistêmica e de valorização da diversidade de experiências e saberes das mulheres nesta região.
Os diálogos expressam uma aposta política orientada a fortalecer uma perspectiva democrática, dada a possibilidade de desmantelar imaginários colonizados e/ou de reconhecer, no plano da igualdade, a diversidade de universos e modos de vida.
Ação Cultural Feminista “Sábado das Resistências”
17 de dezembro de 2022, das 10h às 22h
Lançamento do livro Abre Caminhos às 17h
com participação da organizadora