O coco de roda ecoava no último 30 de junho no Quilombo Casa das Pretas – Terreiro Egbé Ọmọ L’omi, quando um estrondo de grande porte interrompeu o ensaio do grupo Abre Caminho. Era uma bomba, que foi jogada dentro da Casa, que além dos integrantes do grupo, estavam presentes outras pessoas. O ataque ao espaço sagrado não é o primeiro que acontece nos cinco anos de funcionamento da Casa, que fica na Rua Quarenta e Nove, em Zumbi do Pacheco/UR-11, em Jaboatão dos Guararapes.
O Terreiro já foi alvo de pedras, lixo e fogos de artifício, numa ação marcada pelo racismo contra as religiões de matriz africana, uma vez que no local acontecem cultos aos Orixás e à Jurema Sagrada. Cansadas dos sucessivos atos de vandalismo e violência, e de conivência das forças policiais na apuração das denúncias, os coletivos Coletivas Periféricas, Espaço Cultural das Marias e grupo Abre Caminho estão organizando um grande ato político-cultural contra o racismo religioso neste sábado, 16 de julho.
A programação, marcada para iniciar às 13h, conta com apresentações artísticas e culturais, além da realização de um debate, que tem o objetivo de celebrar a ancestralidade e difundir o conhecimento identitário sobre as religiões e as tradições culturais de matriz africana. Já estão confirmadas as presenças de diversas poetas, artistas e grupos, como Nação Maracatu Leão da Campina, Afrologia, DJ Thalligeira, Coco Sem Nome, Forró Iburacando, Coco Abre Caminho, Maya Amapô entre outras atrações que você pode conferir abaixo:
De acordo com as informações da organização, a realização deste ato político-cultural é uma forma de evidenciar a importância religiosa, cultural e social que o espaço do Terreiro possui, já que é um local de referência na comunidade. Lá acontecem diversas ações culturais, como a mostra de filmes Cine Rua Escura, já recebeu mutirões de vacinação contra a covid-19 e outros atendimentos de saúde, além de ter sido ponto de arrecadação de donativos para as pessoas impactadas pelas chuvas no final de maio e em junho deste ano na cidade.
“Nosso ato vai ser feito com muita cultura, composto por artistas que se uniram a nós para mostrar que o racismo não vai nos calar”, exalta o comunicado da organização. Com a ação os grupos querem reafirmar que racismo religioso se combate com ARTE!
Nós do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia nos manifestamos com total repúdio a esta que é uma das formas mais perversas de racismo, que é a profanação de um espaço sagrado. Nos somamos no apoio aos coletivos organizadores do ato e nos solidarizamos com o Quilombo Casa das Pretas – Terreiro Egbé Ọmọ L’omi. Racismo é crime e exigimos a apuração da denúncia!
SERVIÇO:
ATO CONTRA O RACISMO RELIGIOSO
16 de julho de 2022
Das 13h às 23h
No Quilombo Casa das Pretas – Terreiro Egbé Ọmọ L’omi
Endereço: Rua Quarenta e Nove, nº40, Zumbi do Pacheco/UR 11 – Jaboatão dos Guararapes/PE.
Para mais informações, entre em contato com os coletivos organizadores pelo instagram:
Coletiva Periféricas: @perifericas
Espaço Cultural das Marias: @espacoculturaldasmarias
Abre Caminho: @_abrecaminho