#8deMarço: Programa Fora da Curva repercute os desafios da luta feminista no Brasil

No Programa Fora da Curva, da Rádio Paulo Freire e da Rádio Universitária FM, estações de comunicação pública ligadas à Universidade Federal de Pernambuco, que foi ao ar no dia 04 de março de 2022, o tema de debate foi centrado na luta feminista e a luta das mulheres diante de tantos desafios que os movimentos tem enfrentado para garantir direitos e resistir às mazelas que vieram com a pandemia e o pandemônio que representa o governo Bolsonaro. 

Com produção e apresentação da jornalista e professora do Departamento de Comunicação da UFPE, Paula Reis, o Fora da Curva teve como convidadas Verônica Ferreira, pesquisadora e integrante do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, militante feminista da Articulação de Mulheres Brasileiras e da Articulación Feminista Marcosur; e de Ciani Neves, Consultora da ONU Mulheres e integrante do Grupo de Pesquisa Asa Branca de Criminologia da UNICAP/UFPE.

Logo na abertura do programa, Paula Reis situa o caminho do debate:

“Vivemos uma conjuntura política que atinge diretamente as mulheres. O manifesto da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) sobre o 8 de março de 2022 denuncia, abre aspas: ‘Enfrentamos a pandemia e o pandemônio instalado por um governo racista e misógino que acentua desigualdades sociais, demole nossas conquistas democráticas e nos mata de fome, de covid ou pela violência movida por um ódio fascista’, fecha aspas. As mulheres enfrentam uma precarização das condições de vida como um todo. Por isso, o Programa Fora da Curva pergunta: Quais os desafios das mulheres hoje?”

Ouça o episódio no canal do Fora da Curva no Spotify: 

Fazendo um breve diagnóstico do contexto de acirramento das forças golpistas, da violência e dos retrocessos que o governo Bolsonaro tem representado no cotidiano das mulheres, Verônica Ferreira destacou a situação de precarização da vida que tem marcado o período, que começa desde o golpe de Estado contra a Presidenta Dilma Rousseff. 

“Nós perdemos muito nesse período, desde o golpe de 2016, que levou a um contexto de ascensão da extrema direita e no governo Bolsonaro nós perdemos muito em condições de vida. Nós temos hoje no nosso país, tanto uma situação geral quanto das mulheres, de precarização imensa das condições de vida, de desemprego altíssimo, que atinge sobretudo as mulheres. Um dado alarmante é a quantidade de perda de postos de trabalho que uma das maiores categorias de trabalhadores no país sofreu, que são as trabalhadoras domésticas. São quase 7 milhões de trabalhadoras, sendo que 1,3 milhões delas perderam seus empregos, apenas em 2020. É um desemprego que produz pobreza e informalidade. E com as reformas trabalhistas e da previdência, a gente tem uma situação de precarização do trabalho que gera pobreza, que gera a insegurança alimentar. Temos mais de 20 milhões de pessoas que estão comprovadamente em situação de fome no país”, destacou Verônica. 

Ouça o episódio pelo agregador da Apple: https://podcasts.apple.com/br/podcast/t10e03-quais-os-desafios-das-mulheres-hoje/id1479545722?i=1000553489772 

Apesar dos avanços das desigualdades, a pesquisadora do SOS Corpo destacou também as conquistas que conseguimos ter nesse período sombrio em nosso país, enfatizando a resistência e a luta dos movimentos feministas no enfrentamento do contexto.

“Mas nós nos mantivemos em resistência. Estivemos assim todo esse período e foi na resistência que conseguimos barrar algumas propostas no Congresso Nacional, especialmente aquelas que atingiam os direitos das mulheres sobre direitos reprodutivos, temos nos mantido dentro dos movimentos sociais à frente das redes de solidariedade, redes de solidariedade também entre mulheres, para mantermos nossas vidas, nossas autonomias, para enfrentar a violência e mantendo uma grande capacidade de mobilização. Esse 8 de março mostra a força das mulheres, numa grande articulação para levar atos às ruas em várias partes do país, tem expressão do feminismo no campo, nas florestas, das mulheres indígenas, das mulheres negras, uma grande pluralidade de resistência e força social, além das jovens meninas que se somam, o que mostra a força do feminismo convocando e incentivando pequenos protestos no dia a dia, e acho que essa é a nossa grande conquista. É crescer em força, mobilização porque é disso que vem o novo e que vem também um novo momento que nós estamos lutando para construir”, enfatizou.  

Assista também o programa na íntegra pelo youtube:

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