No último dia 19, em Olinda (PE) duas mulheres foram cercadas e agredidas por oito (8) homens em um caso de lesbofobia. Nesta quarta-feira (22), durante o ensaio aberto do Grupo Baque Mulher de Matinhos (PR), realizado no mesmo local há seis anos, a Polícia Militar do Estado do Paraná mostrou mais uma vez seus conhecidos traços de truculência, racismo, autoritarismo e violência gratuita contra integrantes do grupo.
Durante as prévias do Carnaval de Olinda, o casal de namoradas Aída Polimeni e Daniela Cano foram covardemente agredidas por estarem de mãos dadas. O ódio expresso pelos homens foi em reação ao afeto explícito de duas mulheres que transitavam na rua livremente. A agressão, como relatado por elas, for desmedida, uma vez que não houve nenhuma provocação verbal ou troca de palavras entre elas e os homens. E não que isso, inclusive, fosse justificativas para as agressões. Elas estavam apenas andando de mãos dadas e eles julgaram que poderiam agredi-las. Por serem mulheres e lésbicas. O ódio e a crueldade são aditivos da violência lesbofóbica. Nossa expressão de amor à outra mulher é um enfrentamento à masculinidade hegemônica e viril defendida pelo patriarcado. Ao rompermos com a norma, a violência contra nossos corpos têm o objetivo de eliminar a nossa existência.
O grupo Baque Mulher de Matinhos é um grupo de Maracatu filiado ao Baque Mulher de Recife, grupo fundado em 2008 por Mestra Joana. Atualmente o Baque Mulher existe em diferentes cidades do Brasil e em Portugal, totalizando 31 grupos de mulheres que trazem na arte ancestral do maracatu de baque virado, a resistência das mulheres nas artes, a luta contra o machismo e a defesa da liberdade de culto às expressões culturais de matriz africana. No calçadão à beira mar da Praia de Bravas, na cidade de Matinhos (PR), as integrantes do grupo ensaiavam tranquilamente até serem abordadas de forma autoritária por policiais que foram atender a denúncia de perturbação do sossego. As integrantes foram coagidas, tiveram seus direitos de liberdade de expressão negados, especialmente porque o ensaio acontecia em um local público e durante o dia, o que não justificava a denúncia de perturbação feita.
Ação da PM foi desproporcional, violou direitos constitucionais de liberdade de expressão de manifestações culturais e de culto, de liberdade religiosa. Racismo, machismo e intolerância daqueles que, na teoria, deveriam zelar pelo devido cumprimento das leis, mas que se coloca a cada dia e com mais intensidade à como um aporte institucional à serviço das elites.
Nesses momentos de disputa de forças, em que as mulheres estão a cada dia lutando para afirmar autonomia, de marcar nosso lugar no mundo desde nossas subjetividades, enfrentando o domínio patriarcal racista, os homens tendem a reagir com a violência. Em um Estado-Nação que o signatário é a real expressão das estruturas patriarcal-racista-capitalista, a violência contra as mulheres segue sendo naturalizada e incentivada pela impunidade.
Nós repudiamos esses e todos casos de violência que violam nossos corpos, e nossas subjetividades e criminalizam nossas expressões políticas. Denunciamos o recrudescimento do Estado, o avanço da censura sobre as manifestações culturais populares e as violências contra nós, mulheres.
Só quero agradecer ao SOS Corpo e a Analba pela nota.
Agressores, não passarão!
Caminhemos unidas.