Vestidas de negras e clamando “Vivas nos queremos”, que é a palavra de ordem da greve nacional das mulheres, na Argentina, a ser realizada amanhã, dia 19. Convocadas a partir do feminicídio de Lucía Perez, em Mar del Plata, as companheiras argentinas denunciam a violência de gênero e a precarização da economia.
“Vivas nos queremos”, ou Queremos Viver, em tradução livre para o português: essa é a palavra de (des)ordem com a qual o coletivo Ni Una Menos convocou a paralisação.
Foto: Leandro Teysseire
O horror do feminicídio de Lucía Perez
Em 8 de outubro, Lucía Perez, uma adolescente argentina, de 16 anos, foi drogada, estuprada, empalada e morta na cidade costeira de Mar del Plata. Seus homicidas a lavaram e trocaram suas roupas para deixar o seu corpo em um centro de saúde, no qual disseram que ela estava inconsciente em consequência de uma overdose.
A paralização na Argentina foi convocada por cerca de 50 organizações, que clamam:
Por todas las mujeres que faltan, por las asesinadas y desaparecidas, contra la violencia y el terrorismo machista contra la impunidad, contra el encubrimiento, contra la inacción y complicidad estatal y policial.
Segundo apurou o jornal El País em sua edição de hoje (18):
“Desde o assassinato de Lucía Pérez, pelo menos outras três mulheres foram assassinadas na Argentina. Silvia Filomena Ruiz, de 55 anos, foi esfaqueada por seu ex-cônjuge na localidade de Florencio Varela, na província de Buenos Aires, na quinta-feira passada. Marilyn Méndez, de 28 e grávida de três meses, foi morta do mesmo modo um dia depois também por seu ex-cônjuge na província de Santiago del Estero (norte). Vanesa Débora Moreno, de 38, foi apunhalada no último domingo em Lanús, na grande Buenos Aires. A Justiça investiga a morte de Milagros Barazutti, de 15, encontrada morta no fim de semana num descampado de Mendoza, no oeste do país, sem sinais de violência.
A Corte Suprema de Justiça da Argentina registrou 235 feminicídios em 2015, numa média de um crime a cada 36 horas. Um ano antes, a cifra foi de 225 feminicídios. O repúdio generalizado à violência machista foi expressado nos dois últimos 3 de junho, com protestos de multidões em todas as grandes cidades do país sob o lema “Ni Una Menos”.
O portal Página 12 destaca:
Com uma convocatória que cresce a cada momento, e à qual já se somara as centrais CTA e CGT, amanhã se realizará pela primeira vez na história argentina uma paralização nacional de mulheres contra os feminicídios e pela reivindicação de políticas públicas integrais que contemplem a prevenção, a sanção e a luta contra a violência de gênero, garantindo a autonomia econômica para as mulheres, sem a qual, muitas vítimas ficam retidas em relações eivadas de maus tratos e agressões. Com o correr dos dias e a divulgação de outros crimes de violência contra mulheres, o chamado para uma greve nacional se ampliou e ganhou novas adesões. Em alguns locais de trabalho, será realizado com a modalidade “rádio aberta”, e na Universidad Nacional de General Sarmiento, no horário das 13 às 14h de amanhã, não haverá aulas.
Ainda na Página 12, a ativista Caro González, disse: “Como chamamos a atenção se não comovem nossas mortes? Se não comovem uma marcha de 100 mil mulheres, como no Encontro Nacional realizado em Rosário [há poucos dias]? Paralisamos, afetando a economia, da qual somos um motor importante e invisibilizado”, concluiu.
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