#VidasNegrasImportam: Justiça Para Miguel

Profundamente consternadas, nos somamos às milhares de pessoas que estão em revolta e compartilhando da dor da mãe de Miguel, uma criança preta periférica do Recife, mais uma vida inocente que tomba neste país por conta da violência racista. Nos somamos às milhares vozes que, em repúdio, gritam: ACABOU! Não há mais espaço para este racismo que estrutura a sociedade brasileira. Queremos #JustiçaParaMiguel!

Ele, de apenas 5 anos, filho e neto de trabalhadoras domésticas é mais corpo jovem negro que sofre as sequelas do projeto colonial brasileiro, que segue a todo vapor na nossa sociedade. São vidas negras as que mais estão sendo perdidas pelos casos de Covid-19. São as vidas negras e indígenas que desde o início do projeto civilizatório do Brasil, estão na linha de frente do desprezo da branquitude classita. São as vidas ceifadas pela ordem do capital, por um sistema triplamente opressor em suas dimensões de raça/etnia, classe social e de gênero.

E é preciso dar os nomes: Sarí Gaspar Côrte Real, empregadora da mãe de Miguel é uma mulher branca, rica e primeira-dama do município de Tamandaré. Mesmo tendo o esposo, prefeito de Tamandaré, diagnosticado com coronavírus, não liberou as trabalhadoras de maneira remunerada para que elas pudessem se preservar. Sem ter com quem deixar a criança, a mãe de Miguel o levou para o trabalho e de lá ele não voltou para casa. Ao ser deixado com Sarí enquanto a mãe cumpria ordens para passear com os cachorros, Miguel foi negligenciado pela primeira-dama, que facilitou a chegada da criança ao elevador.

Colocando os pontos nos lugares certos, Sarí Gaspar Côrte Real tem todos os seus privilégios garantidos pela cor da sua pele. No conforto de seu apartamento de luxo, agiu de maneira culposa ao abandonar a criança, mesmo sob pedido da mãe de Miguel. Ela é a responsável por essa morte e por isso exigimos o devido julgamento. As vidas negras não podem mais ser menosprezadas. Por isso, BASTA!


#VidasNegrasImportam
#JustiçaParaMiguel

Recife, 04 de junho de 2020

SOS Corpo Instituto Feminista Para a Democracia

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